A primeira-ministra britânica, Theresa May, pediu nesta quarta-feira (20), em carta enviada ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que o prazo final para o Brexit seja adiado até o dia 30 de junho. Em tese, a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) deveria ocorrer em 29 de março.
A decisão foi tomada após o Parlamento britânico aprovar, no último dia 14, o prolongamento da data-limite para o Brexit. No entanto, para que a prorrogação do prazo ocorra, os 27 países membros do bloco europeu, que se reúnem também nesta quarta-feira, devem aprovar a medida por unanimidade.
Segundo a premiê, uma extensão maior poderia fazer com que o Reino Unido fosse “obrigado” a participar das eleições europeias, marcadas para acontecer entre os dias 23 a 26 de maio.
Mês tumultuado
A aproximação do prazo final para a saída do Reino Unido da UE, fez com que o Parlamento britânico passasse por um mês tumultuado. No dia 12 de março, a Câmara não aprovou o acordo para o Brexit.
Um dia depois, em 13 de março, rejeitou a possibilidade de deixar a UE sem a aprovação de um acordo. Finalmente, no dia 14, aprovou a extensão do prazo para o Brexit. Resta agora que a UE se pronuncie sobre o adiamento.
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No entanto, a agência Reuters informou que teve acesso a um documento da Comissão Europeia no qual o órgão afirma se opor ao adiamento do prazo. "Qualquer extensão oferecida ao Reino Unido deve durar até 23 de maio de 2019, ou ser significativamente mais longa e demandar eleições europeias", afirma o texto. "Essa é a única forma de proteger o funcionamento das instituições da UE e a sua capacidade de tomar decisões."
Tensão em torno do acordo
Passados mais de dois anos desde a aprovação do Brexit, o governo britânico, liderado por May, enfrenta dificuldades para aprovar os termos do acordo e é alvo de críticas e pressões vindas tanto da oposição quanto dos seus correligionários.
Um dos principais pontos de conflito a respeito da aprovação do pacto no Parlamento britânico diz respeito ao possível fechamento da fronteira entre a Irlanda do Norte (que faz parte do Reino Unido) e a República da Irlanda (país independente, membro da União Europeia).
A ausência de fronteira entre os dois territórios é um dos principais arranjos do acordo de paz de 1998, que encerrou os conflitos entre defensores de um único território irlandês integrado à Grã Bretanha e defensores da República da Irlanda como Estado independente.
Embora sejam Estados distintos, há grande integração econômica entre eles. Além disso, não há postos de controle na fronteira, permitindo a livre circulação de bens e serviços.
Edição: Vivian Fernandes