A humanidade tem conhecimento suficiente para produzir sem agrotóxico
O número de agrotóxicos aprovados no Brasil cresce em ritmo acelerado. Nos três primeiros meses deste ano foram registrados 58 novos produtos, segundo dados do Ministério da Agricultura.
No controle da pasta está a deputada Tereza Cristina, do DEM, que deixou a presidência da Frente Parlamentar da Agropecuária para assumir o cargo.
Também conhecido como bancada Ruralista, o grupo argumenta que a eliminação dos agrotóxicos compromete a produção de alimentos.
“Essa é uma mentira bem contada”, a afirmação é do professor do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias do Departamento de Agricultura da Universidade Federal da Paraíba, Alexandre Eduardo.
“Essa afirmativa de que só se produz com agrotóxico é contada com o intuito de manter a comercialização desses produtos. O que está em jogo é um comércio. A humanidade tem conhecimento suficiente para produzir utilizando produtos naturais no controle de pragas e de doenças”.
Para entender mais sobre a proposta de utilização de produtos naturais e de base agroecológica, vamos conhecer a história dos agricultores da região de Brejo do Território da Borborema, na Paraíba.
No final de 2009, na região, foi identificada a presença da mosca negra do citros. A praga afeta várias plantas frutíferas. Na época, a solução apresentada pelo governo do estado foi a distribuição do Provado, inseticida produzido pela empresa Bayer utilizado no controle de diversas pragas.
O agrônomo Alexandre Eduardo conta que os agricultores resistiram ao uso do agrotóxico. “Como esses municípios estão dentro do Pólo Agroecológico da Borborema e vários agricultores estão envolvidos com o pólo na lógica de mudar a matriz produtiva, saindo de uma matriz agressiva ao meio ambiente, uma matriz antiecológica para uma agricultura agroecológica, respeitando o meio ambiente, respeitando as pessoas. Os agricultores procuraram produtos naturais que pudessem controlar a mosca negra”.
O pólo é formado por uma rede de 15 sindicatos de trabalhadores rurais, aproximadamente 150 associações comunitária e uma organização regional de agricultores ecológicos. Entre eles está o agricultor Robson Alves.
“Nós convencemos os técnicos e o governo a não botar os agricultores para usar aqueles produtos perigosos. E nós comprovamos que com os produtos naturais poderiam combater a mosca negra”.
As famílias utilizaram produtos naturais feitos com a castanha-de-caju, a manipueira, a maniçoba, o angico, o nim e a urina de vaca. Eles foram desenvolvidos em parceria com o Centro de Ciências Agrárias e com o Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, como conta o professor Alexandre Eduardo de Araújo, que participou do experimento junto com o professor também da Jacinto Luna.
“Com os produtos naturais, você está fazendo a sua parte e contribuindo com o meio ambiente. O consumidor vai ter um produto de alta qualidade. Um produto bonito. Um produto gostoso. Um produto que tem sabor”.
Segundo o professor Araújo, as substâncias se mostraram tão ou mais eficientes do que os agrotóxicos, além de não agredirem a natureza e a saúde dos agricultores e dos consumidores.
Edição: Reportagem de Katarine Flor | Edição: Tayguara Ribeiro