Armar professores e militarizar escolas, não diminui, mas aumenta o ódio
Na quarta-feira (13), dois adolescentes de 17 e 25 anos abriram fogo na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, região metropolitana de São Paulo. Ao todo, foram dez pessoas mortas, cinco alunos da escola, dois funcionários da instituição e o tio de um dos atiradores. Os responsáveis pelo tiroteio cometerem suicídio logo após o ato. Um dos atiradores participava ativamente de fóruns que incitam o ódio na internet.
O caso de Suzano não foi o primeiro. Em 2011, no bairro do Realengo (RJ), um adolescente de 23 anos entrou na Escola Municipal Tasso da Silveira com dois revólveres, vitimou 11 estudantes e deixou 13 feridos, além de cometer suicídio após o ataque. Em 2017, no Colégio Goyases (GO) um aluno de 14 anos, inspirado no ataque do Rio de Janeiro, atirou em seis alunos, deixando dois mortos e quatro feridos.
Nos Estados Unidos, são muitos os casos de massacres em escolas. Um dos mais famosos é o de Columbine, em 1999, no qual dois adolescentes começaram um tiroteio na Columbine High School e deixaram um professor e outros 12 alunos mortos. Em meio a isso, a tragédia de Suzano reacendeu a discussão sobre as armas no Brasil. Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto que flexibiliza o acesso à posse de armas para os cidadãos brasileiros.
O Brasil de Fato foi às ruas e ouviu a pergunta da Flávia Moreira, sobre como é possível melhorar a segurança nas escolas e universidades brasileiras.
Quem responde é Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação:
“Em primeiro lugar, a sua pergunta é essencial. Ela é essencial antes mesmo da tragédia de Suzano, que entristeceu todo o Brasil e assustou muitas pessoas e muitas comunidades escolares. A melhor maneira de garantir a segurança das escolas é aproveitar o mecanismo da questão democrática, que é um princípio constitucional no Brasil, para garantir a segurança dos estudantes, professores e dos demais funcionários. A escola tem que organizar atividades de discussão sobre como se dá a segurança daquele espaço. Isso é importante porque, ao envolver os alunos e tratar a questão de maneira direta, provavelmente será possível evitar casos como o de Suzano. Na realidade, o que ocorreu por lá é que as comunidades escolares - porque eles participaram por muito tempo daquela escola - e também as famílias do adolescente e do jovem não perceberam que eles estavam constituindo um plano. Portanto, a solução mais correta, consciente e mais pensada é fazer com que as comunidades escolares enfrentem esse problema e encontrem a resolução pacífica de conflitos. Armar professores ou militarizar as escolas, ao invés de diminuir o ódio, vai aumentá-lo. As soluções que o governo Bolsonaro têm apresentado para o problema, vão gerar conflitos muito maiores do que solucionar e prevenir questões como essa, que ocorreu em Suzano”.
Edição: Michele Carvalho