ÁFRICA

Presidente da Argélia diz que irá renunciar antes de 28 de abril

Anúncio vem após Chefe do Exército, Ahmed Gaïd Salah, apresentar mais um pedido para que Bouteflika deixe presidência

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Presidente Abdelaziz Bouteflika anunciou que irá renunciar a presidência do país
Presidente Abdelaziz Bouteflika anunciou que irá renunciar a presidência do país - Foto: Jacquelyn Martin/Pool/AFP

O presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, irá apresentar sua renúncia antes do final de seu mandato em 28 de abril, informou o governo argelino, nessa segunda-feira (1), em comunicado oficial.

Segundo a emissora Ennahar, a declaração da presidência afirma que o mandatário irá tomar "decisões importantes para garantir a continuidade do funcionamento das instituições durante o período de transição, que terá início na data em que ele renunciar".

O anúncio da renúncia vem após o chefe do Exército, Ahmed Gaïd Salah, apresentar, no último domingo (31), o segundo pedido para que Bouteflika deixe o cargo. O recurso apresentado por Salah se refere ao artigo 102 da Constituição, que prevê que parlamentares podem declarar "estado de impedimento" quando o presidente da República, em decorrência de enfermidade grave e duradoura, é totalmente incapaz de exercer suas funções.

Bouteflika governa o país há 20 anos e tentaria o 5º mandato se concorresse nas próximas eleições. O estado de saúde do mandatário piorou desde que sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) em 2013. 

Na noite de domingo, a presidência argelina anunciou um governo de transição comandado pelo primeiro-ministro, Noureddine Bedoui. A medida foi vista como uma tentativa de antecipar o artigo 102, pois assim nenhuma alteração pode ser feita no governo até que a eleição presidencial seja realizada.

Manifestações

Desde fevereiro, as cidades argelinas receberam manifestações massivas todas as sextas-feiras exigindo que o presidente Bouteflika não concorresse nas próximas eleições, evitando um possível 5º mandato consecutivo. Alguns manifestantes também pediam a renúncia do mandatário e de seus colaboradores, e o início de uma transição política que incluísse eleições.

No dia 11 de março, após dias de protestos, Bouteflika anunciou sua desistência da corrida eleitoral e o adiamento das próximas eleições presidenciais, que estavam previstas para 18 de abril. "Não haverá quinto mandato e nunca foi minha intenção, pois meu estado de saúde e minha idade só permitem o cumprimento de um último dever perante o povo argelino, que é a instalação das bases de uma nova República", declarou Bouteflika.

O presidente argelino ainda declarou que o pleito acontecerá "ao final de uma conferência nacional inclusiva e independente (...) bastante representativa da sociedade argelina" que "deverá se esforçar para completar seu mandato antes do final de 2019".

Edição: Opera Mundi