Preso há um ano, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva escreveu sobre sua condenação em um artigo divulgado neste domingo (07) na Folha de S. Paulo. Intitulado "Por que têm tanto medo de Lula?", o texto fala sobre as angústias e as visões do ex-presidente sobre a conjuntura atual, além de fazer um resumo sobre as injustiças que o levaram à prisão.
Lula diz que os dias em que passou preso aumentaram sua indignação, mas que, apesar disso, acredita em um julgamento justo, "em que a verdade vai prevalecer". Ele lamenta a situação pela qual o Brasil passa, com arrocho de salários, precarização dos empregos e o alto custo de vida, além da entrega da soberania nacional.
O golpe e a condenação
O ex-presidente diz que sua condenação "foi parte de um movimento político a partir da reeleição da presidenta Dilma Rousseff, em 2014". A oposição, após ter sido derrotada nas urnas por 4 vezes consecutivas, escolheu o caminho do golpe para conseguir voltar ao poder, afirmou Lula.
O impeachment, sem crime de responsabilidade, foi, na verdade, um golpe "contra o modelo de desenvolvimento com inclusão social que o país vinha construindo desde 2003", escreveu. "Em 12 anos, criamos 20 milhões de empregos, tiramos 32 milhões de pessoas da miséria, multiplicamos o PIB por cinco. Abrimos a universidade para milhões de excluídos. Vencemos a fome".
Mas, segundo o presidente, esse modelo de desenvolvimento foi intolerável para "uma camada privilegiada e preconceituosa da sociedade" e atingiu interesses econômicos fora do país, como das empresas petrolíferas estrangeiras. Completa dizendo que, com o impeachment, o neoliberalismo voltou de maneira radical e afundou o país numa crise fiscal e numa recessão que continua até hoje.
Lula também relembrou que as pesquisas eleitorais de 2018 o apontavam como vencedor no primeiro turno. E afirma que a Lava Jato foi usada como pano de fundo para condená-lo antes das eleições, com atitudes ilegais, arbitrárias e sem provas contundentes: "tudo o que quero é que apontem uma prova sequer contra mim".
Para finalizar, reforça e responde a pergunta que intitula o artigo: "Por que têm tanto medo de Lula livre, se já alcançaram o objetivo que era impedir minha eleição, se não há nada que sustente essa prisão? Na verdade, o que eles temem é a organização do povo que se identifica com nosso projeto de país. Temem ter de reconhecer as arbitrariedades que cometeram para eleger um presidente incapaz e que nos enche de vergonha".
Edição: Aline Carrijo