A Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares (RNMMP), em conjunto com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), organiza uma brigada de solidariedade ao povo moçambicano que sofre com as consequências da passagem do ciclone Idai.
A iniciativa, segundo Augusto Cézar, do setor de saúde do MST e da RNMMP, atende não apenas a um chamado do movimento, mas a “oferta de solidariedade que caracteriza a Rede”.
O médico explica que a RNMMP está contribuindo na articulação, organização e envio de profissionais de saúde para atuarem, em esquema de rodízio, nos próximos seis meses em Moçambique. “A ideia é que os profissionais fiquem, no mínimo, um mês atuando na cidade mais afetada pelo ciclone”, acrescenta.
O ciclone trouxe perdas humanas e materiais incalculáveis. Foram registrados 517 casos de cólera, risco de epidemias e outros agravos.
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Além de mortos, feridos e desabrigados, a passagem do ciclone a a falta de medidas preventivas dos governos causou danos extensos à infraestrutura do país africano e impacto bastante nocivo à agricultura.
Solidariedade a quem precisa
A meta, segundo Augusto Cezar, é enviar 25 profissionais na Brigada de Solidariedade a Moçambique. “Para pensar seus processos de saúde, de adoecimento e de cuidado. A gente sabe que é uma tarefa difícil, pela situação política, social e estrutural do País, mas essas adversidades são as que nos impõem cada vez mais solidariedade”.
Entre final de abril e setembro, os brigadista da Rede estarão atuando junto com os do MST. Essa solidariedade vai além do campo da saúde, explica ele: “amplia para a produção de alimentos, o cuidado da água e a organização popular”.
Eline Ethel, médica da RNMMP, que atua na Estratégia de Saúde da Família em São Paulo, disse que nesse momento estão na etapa de convocação. O período de permanência, de no mínimo um mês, pode ser prorrogado pelo profissional, conforme a disponibilidade de cada brigadista.
Os médicos explicam também que o trabalho na Brigada de Solidariedade não se restringirá aos cuidados em saúde do povo moçambicano, mas também aos profissionais que estarão na região. Médicas e médicos do coletivo atuaram anteriormente na cidade de Mariana (2015) e este ano em Brumadinho, para auxiliar a população mineira vítima dos crimes ambientais cometidos pela Vale.
Médicas e médicos interessados em participar da brigada de solidariedade ao povo moçambicano devem encaminhar nome, formas de contato e mês de disponibilidade para [email protected], aos cuidados de Eline Ethel e Augusto Cézar.
Edição: Daniela Stefano