Brigadeiros, beijinhos, bolos, pirulitos, cupcakes e o adorado ovo de chocolate são mais que simples guloseimas para muitas brasileiras que precisam complementar o orçamento doméstico ou mesmo sustentar a casa sozinhas.
Em um país com 13 milhões de pessoas desempregadas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, essas mulheres conseguem se manter ocupadas, gerar renda e movimentar a chamada economia solidária.
A dona de casa Helena Silveira Catelar é uma dessas mulheres que conquistaram independência e autonomia fazendo e vendendo quitutes. Ela garante que esse negócio dá dinheiro durante o ano todo, mas são os dias que antecedem à Páscoa é que deixam as doceiras mais ocupadas. “Na Páscoa todo mundo come chocolate e aqueles que não comem chocolate, eles optam pelo bombom, pela trufa, pelo biscoitinho, pelo pirulito. Então assim, tudo o que você faz tem retorno imediato", afirma.
Mãe de dois filhos e doceira de mão cheia há 24 anos, Helena conta com orgulho dos resultados do seu trabalho. "Teve um ano, que eu ajudei muito aqui em casa, que a gente estava construindo, já faz alguns anos, eu consegui por todos os pisos da minha casa, só com o dinheiro dos ovos de Páscoa. Mas também, eu fiz três mil ovos sozinha", lembra.
Foram também os ovos de chocolate que ajudaram a confeiteira Shirlene Barbosa Martins dos Santos, em um momento de muitas mudanças. Ela explica que a venda dos ovos foi a alternativa possível quando ela se viu sozinha e sem emprego. "Por que quando eu estava casada ainda, nós tínhamos um negócio em comum e com a separação eu precisei me desvincular de tudo. E eu precisa sobreviver de alguma forma e o mercado, como sempre, para mulher é difícil, negra ainda, então eu resolvi começar a mexer com chocolate."
Dessa primeira experiência, ainda no início dos anos 2000, nasceu o Delícias Negras, uma empresa familiar que produz e vende doces e que tem como carro chefe os ovos e guloseimas de chocolate artesanal.
Para manter a qualidade e o sabor de seus quitutes, Shirlene se preocupa com a origem da matéria-prima que utiliza nas receitas. Ela só compra chocolate de empresas que não estejam na lista do trabalho infantil ou análogo ao escravo. Além disso, algumas frutas, como a banana, a amora e a manga são cultivadas de forma agroecológica no próprio quintal da confeiteira.
Além do complemento na renda, Shirlene conta que o trabalho com o chocolate também mostrou um mundo de possibilidades. "E o bom de tudo isso é que eu consegui fazer cursos técnicos. Então, eu sou formada em nutrição, eu sou formada em técnicas de cozinha e isso me ajudou bastante".
Helena e Shirlene estão entre as mais de 9 milhões de mulheres empreendedoras no Brasil, segundo pesquisa realizada pelo Sebrae. O texto também mostra que elas representam 34% de todos os negócios formais ou informais no Brasil e que as principais atividades que elas desempenham são beleza, moda e alimentação.
Edição: Tayguara Ribeiro