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Qual o impacto do corte de verbas na cultura para a população do estado de São Paulo?

A cultura tem sido tratada com uma visão elitista e privatista, diz pesquisadora

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O Museu AfroBrasil é um dos patrimônios ameaçados pelo corte de verba na área de cultura
O Museu AfroBrasil é um dos patrimônios ameaçados pelo corte de verba na área de cultura - Museu Afro Brasil | Blenda Souto Maior
A cultura tem sido tratada com uma visão elitista e privatista, diz pesquisadora

Após o anúncio do governo de São Paulo sobre o corte de quase 23% do orçamento anual da Secretaria da Cultura e Economia Criativa, a Associação Brasileira das Organizações Sociais de Cultura (ABRAOSC) afirmou que a medida põe em risco a permanência das atividades dos principais equipamentos e programas culturais do estado.

Entre os impactos da redução da verba está o fechamento de teatros e museus, cancelamento de exposições, extinção de grupos artísticos e demissão de funcionários. 

Diante desse cenário, a professora Marina Jacino, 26, quer saber como o corte de verbas na cultura impacta a população.

Quem responde é a atriz e pesquisadora teatral, Fernanda Azevedo, que também faz parte do Movimento de Teatro de Grupo da Cidade de São Paulo e da Kiwi Companhia de Teatro Coletivo Comum. 

“Os cortes na cultura afetam diretamente a população, não é uma questão referente só aos trabalhadores e trabalhadoras da cultura. O que está acontecendo com o estado de São Paulo não é de hoje, na verdade, vem de décadas do governo do PSDB. A cultura tem sido tratada com uma visão elitista e privatista, porque a gestão da verba pública da cultura é feita por organizações privadas, temos somente 0,35% do orçamento total dedicado a pasta da cultura. Então, o orçamento é ridículo para um estado como o nosso, com uma riqueza e diversidade cultural. Se nós tivermos mais esses cortes, equipamentos que já funcionam de forma muito precária como museus, casas de cultura, escolas de música e teatro vão ter que fechar suas portas. Vou dar o exemplo do Museu AfroBrasil, que é bastante significativo para um país que teve quase quatro séculos de escravidão como o nosso. A gente corre o risco de ter esse museu fechado. Mais de 500 funcionários vão ser demitidos no total desses equipamentos de cultura. É muito sério o que está acontecendo, mas é importante que a gente perceba que não é de agora. Esse seria um corte mais violento, que ficou muito claro para população como o PSDB, em especial agora o Dória, trata a cultura. Mas é importante a gente ver que esses cortes estão acontecendo há muito tempo, então é uma política sistemática da desvalorização da cultura no Estado de São Paulo. Foi lançada uma pesquisa da Rede Nossa São Paulo, que diz que 1/4 da população paulistana, a partir dos 16 anos, não foi a nenhuma atividade cultural nos últimos 12 meses e isso é muito sério, porque você tira das pessoas um direito que é essencial, o direito à cultura. A cultura não é mercadoria, é um direito civil, inclusive previsto na constituição”.

Edição: Michele Carvalho