Destinada ao público jovem e caracterizada pela diversidade racial e sexual, a última campanha publicitária do Banco do Brasil (BB) foi retirada de circulação a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PSL) há duas semanas. A peça de 30 segundos, que pode ser acessada pelo Youtube, estava no ar na televisão e internet desde o dia 1º de abril. Logo após o veto, o então diretor de Comunicação e Marketing do Banco do Brasil, Delano Valentim, anunciou a saída do cargo.
A modelo Mellanie Reis, de 23 anos, foi uma das atrizes que participou da campanha, e conta que ficou surpresa quando soube que o vídeo havia sido tirado do ar. Para ela, o preconceito é a única explicação para a atitude do governo.
"Que eu saiba, o nome disso é censura. E, pior ainda, eu enxergo que isso não é uma censura só ao banco, entende? Porque o banco está aí, funcionando e lucrando", lembra. "A questão é que as pessoas que estão ali, eu e vários outros atores e atrizes que fizeram parte desse comercial, é que na real fomos censurados".
Reis está convicta de que os perfis dos atores é que motivaram o veto ao comercial. "Acredito que, daí para frente, ou até nesses meses que se seguirão, o Banco do Brasil vai soltar uma nova campanha, com outros perfis. De fato, eu acredito que foi isso que incomodou, sabe? Esses perfis... é isso que causa medo", finaliza.
A atriz conta que é a primeira vez que isso acontece em sua carreira, que inclui campanhas publicitárias como "#VamosCombinar Prevenir é Viver o Carnaval". Produzido para o carnaval de 2018 pelo Ministério da Saúde, o vídeo da campanha também mostra diversidade e incentiva o uso de preservativos masculinos e femininos para prevenir doenças. Ela acredita que o veto pelo governo à campanha do Banco do Brasil "só demonstra que o país está andando para trás".
Sobre o motivo da retirada do vídeo, o presidente declarou no último dia 27 que “não quer que dinheiro público seja utilizado para fazer propagandas iguais à do Branco do Brasil”. Em seguida, afirmou que a peça vai contra sua linha de pensamento e insinuou que o vídeo desrespeita a família. A assessoria do banco declarou que a peça foi retirada do ar por "não contemplar todos os perfis brasileiros".
Edição: Daniel Giovanaz