DISSIDENTES ENGANADOS

O que foi dito aos soldados venezuelanos que passaram para o lado de Guaidó

Oficiais golpistas teriam enganado parte dos soldados que inicialmente se juntaram à oposição

Brasil de Fato | São Paulo (SP) e Caracas (Venezuela)* |
Presidente Nicolás Maduro afirma ter conversado com todos os mandos militares que teriam manifestado "total lealdade ao povo"
Presidente Nicolás Maduro afirma ter conversado com todos os mandos militares que teriam manifestado "total lealdade ao povo" - Foto: Reprodução / Telesur

O governo venezuelano, por meio de seu ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, reconheceu a insurgência de um grupo de soldados e oficiais na tentativa de golpe liderada por Juan Guaidó na manhã desta terça-feira (30), mas explicou que a maioria dos militares – 80%, segundo o ministro – teria sido enganada. 

De acordo com Jairo Betermin, Tenente do Exército -- um dos militares que teria sido induzido a se juntar aos golpistas -- ele e sua tropa receberam na tarde dessa segunda-feira (29) uma ordem para aprontar seus uniformes, pois iriam supostamente receber condecorações e “uma notícia que mudaria nossa vida”.

Nada, entretanto, aconteceu durante a tarde e noite. Mas durante a madrugada, ainda de acordo com o soldado, por volta das três da manhã, a tropa recebeu ordem de buscar seus fuzis para uma incursão à Penitenciária de Tocorón, no estado de Arágua, cerca de 150 km distante de Caracas. A explicação: “a notícia de que haviam invadido o presídio com mil fuzis e iam soltar os presos para que atacassem o povo”.

Mas após a saída da base, os soldados teriam sido informados pelo comandante Rafael Pablo Soto Manzanares, e pelo seu irmão major Cequeda, de que se tratava de um golpe de Estado. O soldado, que se diz enganado, conta que imediatamente fez contato com um major que tratou de conduzir um por um dos soldados de volta à base. “Penso que essa é outra sabotagem da direita golpista. Eles querem o enfrentamento de militares contra militares, mas nós já demonstramos que eles não vão conseguir”, completou em entrevista à Telesur o soldado.

Até o momento nenhum dos militares envolvidos na tentativa de golpe foi preso.

Entenda o caso

Esta terça-feira (30) começou com a divulgação de um vídeo do líder opositor venezuelano Juan Guaidó afirmando ter obtido apoio militar para comandar uma insurreição definitiva e tomar o poder. Com as informações circulando ao longo do dia, desmentiu-se a versão de que Guaidó e um grupo de soldados insurretos teriam tomado de assalto uma base militar localizada na zona leste da capital Caracas. O grupo de militares que se juntou ao golpista Guaidó o fez, na verdade, do lado de fora da Base Aérea Generalíssimo Fransicos de Miranda, localizada na região "La Carlota", município Chacao, na Grande Caracas -- zona tradicionalmente opositora.

Edição: Rodrigo Chagas