PRIVATIZAÇÃO

Editorial | A Petrobras sob ataque

Assalto ao patrimônio de gerações: governo Bolsonaro anunciou a venda de oito refinarias da petroleira

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Está na hora das vozes progressistas comprometidas com a soberania e o futuro do país se fazerem ouvidas novamente
Está na hora das vozes progressistas comprometidas com a soberania e o futuro do país se fazerem ouvidas novamente - Foto: Reprodução Internet

Como presente grego aos trabalhadores, poucos dias antes deste 1º de Maio de 2019, o governo Bolsonaro anunciou a venda de oito refinarias da Petrobras. Um novo passo no processo de esquartejamento da petroleira, uma das maiores do planeta. Juntas, as oito detém uma capacidade de refino de 1,1 milhão de barris/dia. O presidente da estatal, Roberto Castello Branco, já confessou que seu sonho “é vender a Petrobras”.

Sob o signo do fundamentalismo neoliberal, o projeto de destruição leva o nome de “desinvestimento”, sendo anunciado com pompa e circunstância como se fosse inteligente entregar a maior empresa do país. Como se os grandes produtores de petróleo não mantivessem nacionalizadas as suas petroleiras, como fizeram, entre outros, a Arábia Saudita, o Irã e o Kuwait... Agem assim por saberem que o controle do seu petróleo é e continuará sendo estratégico para qualquer país.

Chama a atenção a postura contemplativa e muda das Forças Armadas diante do assalto ao patrimônio de gerações. Nem parece que um general, Julio Horta Barbosa, comandou o Conselho Nacional do Petróleo, embrião da Petrobras, e defendia o monopólio estatal.

Por ironia adicional, a refinaria gaúcha que Bolsonaro pretende transferir ao capital multinacional leva o nome de Alberto Pasqualini. Senador e também gaúcho, Pasqualini foi um dos maiores defensores da criação da estatal.

Na verdade, o ataque à empresa tem sido praticado desde sua criação, em 1953, por Getúlio Vargas. “Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras, mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma”. A “agitação” que Getúlio cita na sua carta-testamento antes do tiro no coração era a das elites atreladas a Washington, dos seus políticos e da sua mídia. São os setores que, em 2019, repetem sua velha arenga. E que, em boa medida, estão representados em Brasília. 

Ao longo de sua história, a Petrobras foi defendida pelas vozes progressistas comprometidas com a soberania e o futuro do país. Está na hora, novamente, de se fazerem ouvir.


Este conteúdo foi originalmente publicado na versão impressa (Edição 14) do Brasil de Fato RS. Confira a edição completa.  

Edição: Marcelo Ferreira