RELATÓRIO

Mais de 7 mil comércios fecharam em Buenos Aires nos primeiros quatro meses de 2019

De acordo com Encuesta Mensual Económica, fechamentos de comércios deixou mais de 28 mil pessoas desempregadas

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Macri anunciou no final do mês de abril o programa "Preços Essenciais", que congelou os preços de 64 produtos da cesta básica por seis meses
Macri anunciou no final do mês de abril o programa "Preços Essenciais", que congelou os preços de 64 produtos da cesta básica por seis meses - Foto: Martin Bernetti/AFP

Mais de 7 mil comércios fecharam as portas na região metropolitana de Buenos Aires, incluindo a capital, nos primeiros quatro meses de 2019, informou relatório divulgado pela organização civil Defendamos Buenos Aires.

Segundo a pesquisa "Encuesta Mensual Económica" (EME), realizada pelo grupo em parceira com um coletivo de advogados e divulgada no último sábado, 7.026 estabelecimentos comerciais pararam de funcionar e mais de 28 mil pessoas ficaram desempregadas.

Do total de estabelecimentos, 2.536 encerraram atividades em janeiro, que atingiu o maior índice de fechamento de comércios neste mês desde 1991. Em fevereiro foram 1.100 comércios fechados, seguidos por 1.420 em março e 1.970 em abril.

"Muita gente que tenta deixar as portas abertas não pode fazer nada diante do coquetel malicioso de tarifaços, aumento do aluguel, aumento de preços das mercadorias que se traduzem em maiores custos, aumento nos transportes e por último uma fortíssima estagnação no nível de venda e no no fluxo de caixa, a partir da recessão que acontece na Argentina", disse Javier Miglino, diretor do Defendamos Buenos Aires.

O levantamento, que considerou 38 bairros da cidade de Buenos Aires e 50 da região metropolitana, também indicou que o fechamento desses estabelecimentos deixou 28.304 desempregados.

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Ainda de acordo com o relatório, 2.446 comércios fecharam apenas na cidade de Buenos Aires. Outros 4.580 estabelecimentos encerraram atividades em outras localidades da região metropolitana.

Crise

Sob o governo do presidente Mauricio Macri, a Argentina recorreu ao Fundo Monetário Internacional (FMI), em um acordo de empréstimo de US$ 57,1 bilhões, na tentativa de conter a crise econômica. O risco-país já superou os mil pontos, tornando-se o mais elevado da região. 

A inflação fechou o ano de 2018 em 47,6%, a maior dos últimos 27 anos. Na intenção de evitar fuga de capitais e desvalorização da moeda, o Banco Central argentino estabeleceu sucessivos aumentos na taxa de juros. O último foi divulgado em abril, fixando a tarifa na taxa recorde de 73,9%.

Além disso, Macri anunciou no final do mês de abril o programa "Preços Essenciais", que congelou os preços de 64 produtos da cesta básica por seis meses. 

Quinze dias após o início do congelamento a Defensoria Pública da província de Buenos Aires divulgou um levantamento indicando que 49% dos produtos incluídos na medida estão em falta nos supermercados da região.

Edição: Opera Mundi