Reconhecimento

"Curva do S", palco do Massacre dos Carajás, torna-se patrimônio histórico do Pará

O assassinato de 21 trabalhadores no dia 17 de abril de 1996 é lembrado todo ano com atividades culturais no local

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Momento do sepultamento das 19 vítimas do massacre no cemitério de Curionópolis
Momento do sepultamento das 19 vítimas do massacre no cemitério de Curionópolis - Reprodução: Anistia Internacional

A "Curva do S", onde ocorreu o Massacre de Eldorado dos Carajás, no dia 17 de abril de 1996, é agora Patrimônio Histórico e Cultural do estado do Pará. Reivindicação histórica do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, a lei 8.856 foi sancionada nesta quarta-feira (22) pelo governador Helder Barbalho (MDB). 

Localizado na Rodovia BR-155, o local tem sido utilizado para atividades culturais e pedagógicas, como a Jornada de Lutas, que ocorre sempre na data que marca o extermínio. Agora, a "Curva do S" está reservada por lei para essas "manifestações artísticas e culturais" com o objetivo de preservar, segundo o texto, "a sua história como contribuição para evitar outros atos dessa natureza". 

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O massacre, que completou 23 anos em 2019, aconteceu quando cerca de 1,5 mil trabalhadores sem-terra se encaminhavam a Belém para cobrar as autoridades sobre a situação dos acampamentos na região sudoeste do estado.

Os militante fecharam a pista por cerca de duas horas, quando policiais militares chegaram para desobstruir a rodovia. Os sem-terra reivindicaram um ônibus para conduzir as famílias até Marabá. Sem acordo, os policiais militares disseram que não atenderiam à demanda. Por volta das 15h, um efetivo de agentes dos três municípios do entorno — Parauapebas, Curionópolis e Eldorado dos Carajás — chegaram para forçar a retirada das famílias da rodovia. 

Além dos trabalhadores mortos, a ação, que envolveu 155 policiais militares, deixou outros 69 mutilados. 

Edição: Aline Carrijo