Preso político desde abril de 2018 na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta quinta-feira (23) a visita do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, e do ex-governador da Paraíba pelo PSB, Ricardo Coutinho. Após o encontro privado, os políticos estiveram na Vigília Lula Livre para relatar aos militantes impressões e principais temas da conversa com o petista.
“Não é possível que a libertação dele não se dê logo. Já passou do limite, [mas] eu tenho muita esperança. E, ao sair, eu falei: 'Presidente, até breve, lá fora'”, disse Carlos Lupi, do Partido Democrático Trabalhista (PDT).
Ministro do Trabalho e Emprego dos governos Lula e Dilma Rousseff (PT), Lupi afirmou que o ex-presidente ainda tem muito a fazer pelo povo brasileiro.
“Eu vi ele muito bem, forte, lúcido, olhando o futuro do Brasil e preocupado com os pobres, mais fragilizados e mais fracos, que estão sofrendo muito com o desgoverno desse presidente que está a serviço de interesses internacionais e do sistema financeiro", criticou.
Já Ricardo Coutinho, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), esteve, em abril do ano passado, entre os nove governadores e três senadores que foram impedidos de visitar o ex-presidente na condição de amigos, embora seja permitido pela lei de execução penal. Ele falou sobre a conversa com Lula e criticou o governo de Jair Bolsonaro (PSL).
“Hoje, a única grande liderança, reconhecida pelo povo, que o Brasil tem é o presidente Lula. E ele sabe desse papel, sabe que existe uma conjuntura diferente hoje. Ele está muito disposto a construir, com outras forças políticas, a condição de voltar a fazer do Brasil uma nação de respeito. Esse país está ficando cada vez pior. Uma das palavras que mais me chamou a atenção no diálogo que nós tivemos foi exatamente uma coisa que ele disse: 'diga ao povo lá fora que eu estou motivado'”, contou.
Governador da Paraíba por dois mandatos, o político ressaltou que a resistência é a expressão do povo brasileiro, inclusive da parte que está adormecida. Há mobilizações marcadas para o próximo dia 30 em defesa da Educação e uma greve geral no dia 14 de junho.
“O presidente Lula explana, principalmente, que a resistência é fundamental. Não interessa de que tamanho ela seja neste momento, o que interessa é que ela exista, porque é inevitável que ela cresça. Não há força no mundo capaz de barrar o crescimento da resistência popular, porque, cada vez mais, as pessoas vão descobrir que estão vivendo o pior, que foram manipuladas e usadas e que, efetivamente, não fazem parte do país que quem hoje governa o Brasil e seus manipuladores externos buscam construir”, reforçou.
Na mesma linha, o presidente nacional do PDT lembrou a expressão: “quando o povo se mobiliza e vai para a rua ninguém segura". Segundo Lupi, os atos pró-Bolsonaro do próximo domingo (26), organizados por grupos de extrema direita, só escancaram ainda mais fragilidade e debilidade do governo eleito, além da ausência de legitimidade frente à população, na contramão dos governos Lula.
"Um homem que está firme e disposto à luta, um homem que mostra a sua inconformidade pela injustiça que está sofrendo e afirma que não descansará enquanto não provar sua inocência. Só os justos têm essas convicções”, concluiu.
“Ladeira abaixo”
Coutinho também falou sobre a questão da soberania nacional que, segundo ele, é a principal preocupação de Lula. Para o político, o Brasil está sendo rasgado e entregue à preço de banana ao capital estrangeiro, particularmente aos Estados Unidos. Coutinho afirma que, no governo Bolsonaro, o Brasil não tem poder e se posiciona apenas como um vassalo dos estadunidenses.
“Venderam, recentemente, 12 aeroportos no Nordeste por dois bilhões e quatrocentos. Isso significa que, em média, cada aeroporto saiu pela metade de um Boeing, pela metade de um avião. O patrimônio foi entregue, ou seja, um patrimônio que todos os dias gera milhões e milhões de reais foi entregue pela metade da compra de um avião novo”, lamentou.
O ex-governador da Paraíba disse ainda que, além de presidir o Brasil por oito anos, Lula tem, indiscutivelmente, a honra de ser chamado de melhor e maior presidente que o país já teve.
“Para mim, por incrível que pareça, o Lula é mais Lula do que nunca. É uma pessoa muito apaixonada pela vida, independentemente de política. Lula ainda tem um papel muito forte a cumprir em uma época em que o Brasil não tem mais líderes”, encerrou.
Edição: Aline Carrijo