Foi publicado no Diário Oficial desta sexta-feira (24) a promoção de patente do primeiro-tenente Rafael Henrique Cano Telhada, que agora passa a ocupar o cargo de capitão da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PM). O militar, que é filho do deputado estadual Coronel Paulo Telhada (PP), é investigado pelas corregedorias da Polícia Civil e Militar. Na publicação, a justificativa para a nomeação é apontada como "por merecimento".
No dia 2 de março, agentes do Comando de Operações Especiais (COE) assassinaram um jovem, suspeito de ter roubado uma moto, com quatro tiros, em Osasco, Grande São Paulo. Entre os policiais, estava Rafael Telhada, que celebrou a execução em suas redes sociais. “A caveira sorriu mais uma vez”, afirmou o filho do deputado Paulo Telhada em seu perfil no Instagram. “Mais um inimigo [foi] tombado”, finalizou.
O Setor de Homicídios da Polícia Civil e a Corregedoria da Polícia Militar passaram a investigar se os agentes se excederam na operação ou incidiram em alguma ilicitude. A Corregedoria da Polícia Civil, em paralelo, investiga o delegado Vinícius Brandão de Rezende, responsável pelo registro da ocorrência, por não ter enviado perícia ao local.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) confirmou que a investigação sobre a operação está em andamento. “O caso é investigado pelo Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa de Osasco por meio de inquérito policial. Testemunhas estão sendo ouvidas e os laudos analisados. O trabalho investigativo recomenda sigilo nas informações. Um inquérito militar para apurar as circunstâncias relativas ao caso também está em andamento”, afirma a SSP.
Em entrevista ao Brasil de Fato, o ouvidor da Polícia Militar, Benedito Mariano, explicou que há um “procedimento” contra Telhada também na Ouvidoria “relacionado a ocorrência de morte em decorrência de intervenção policial em Osasco”. “Não sei quais os critérios o comando da PM utiliza para as promoções”, encerrou.
Ariel de Castro Alves, advogado e conselheiro do Conselho de Direitos da Pessoa Humana (Condepe), criticou a decisão. "Isso mostra que a Polícia Militar claramente tem essa orientação para que os policiais hajam de forma brutal, de forma violenta, isso é uma orientação do Comando da Polícia Militar. É por isso que policiais que são investigados, como nesse caso, acabam ganhando promoções. Quando na verdade, deveriam ser rebaixados."
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira