O crime socioambiental provocado pela Vale em Brumadinho (MG) completa quatro meses neste sábado (25). Até agora, foram identificados 241 corpos, entre moradores da região e funcionários da mineradora, porém, pelo menos outras 29 pessoas continuam desaparecidas.
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) esteve apenas uma vez em Brumadinho após a tragédia, fazendo um sobrevoo em helicóptero. Fez um pronunciamento protocolar, dois tuítes expressando lamentação e solidariedade às famílias. Além disso, mais nada.
No site oficial do Palácio do Planalto, por exemplo, foram divulgadas 64 notícias sobre Brumadinho. Por outro lado, o governo publicou 191 notícias defendendo a reforma da Previdência.
Das 64 menções a Brumadinho no canal oficial de comunicação do governo, 21 delas fazem alguma relação com a manobra política de aproximação da gestão Bolsonaro com o governo de Israel e com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
A missão israelense ficou no Brasil um pouco mais de uma semana e trouxe equipamentos que não tiveram utilidade para as operações de resgate.
Entre as medidas do governo de apoio às vítimas nesses quatro meses estão a antecipação de benefícios do INSS, ampliação no prazo de pagamento do crédito rural e reforço das equipes de bombeiros.
"A gente ainda não consegue calcular o prejuízo com o patrimônio histórico, com o patrimônio ambiental. Continuamos na luta, organizando o povo e a classe trabalhadora contra o Estado que só quer o desmonte dos nossos direitos", disse Karina Martins, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM).
Em abril, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, fez uma proposta de concessão à Vale de sete parques nacionais, sem licitação pública, que ficam em Minas Gerais.
Ainda em Minas, uma outra barragem da mineradora Vale em Barão de Cocais corre risco iminente de vazamento, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM). A população da região está em pânico.
A reportagem do Brasil de Fato encaminhou questionamentos em relação ao caso para a Presidência da República e a Casa Civil, e aguarda as correspondentes respostas.
Edição: Mauro Ramos