Construir uma ampla articulação entre acadêmicos, gestores públicos, parlamentares, ambientalistas, indígenas, quilombolas, tralhadores rurais assalariados, agricultores familiares, mulheres camponesas e sem-terra, entre outros, é o que pretende o seminário “Terra e território: diversidade e lutas”.
A atividade é convocada pela Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) -- centro de formação política do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) --, a Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), o Fórum de Gestores do Nordeste e o Campo Unitário (que envolve Contraf, Contag e Via Campesina).
A ideia do encontro, que ocorre entre essa quinta-feira (6) e sábado (8), na ENFF, em Guararema (SP), é debater o atual momento político, com temas como reforma agrária, agrotóxicos, meio ambiente e segurança alimentar, e construir uma agenda de trabalho e bandeiras para enfrentar os retrocessos da política e da economia e criar uma ofensiva para esse próximo período.
“Isso é bastante importante, porque, em especial após o golpe [de 2016, que tirou Dilma Rousseff da Presidência], a gente tem novas configurações no campo que precisam ser avaliadas por todos nós, tendo uma leitura mais afinada e afiada da conjuntura política”, explica Acácio Leite, integrante da ABRA.
A avaliação das organizações que convocam o seminário é de que, com a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) à presidência, há um maior enfrentamento entre projetos políticos opostos na sociedade, o que requer unidade e coerência nas decisões do campo popular de oposição ao atual presidente.
O seminário prevê ainda mesas de debate, que terminam com um ato político, quando será apresentada uma espécie de "Carta da Terra", que irá apontar uma agenda de ações e bandeira a médio prazo. “Sairemos do encontro com uma agenda importante”, diz Leite.
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Secretário-executivo do Fórum dos Gestores e Gestoras Responsáveis pelas Políticas de Apoio à Agricultura Familiar do Nordeste, Eugênio Peixoto lembra que a proteção dos biomas e de áreas de plantio para que estejam livres de agrotóxicos é um dos temas centrais que serão discutidos durante o encontro, e que os organizadores prometem levar para a discussão com o conjunto da população.
“O grande desafio que temos é fechar uma plataforma que seja um material de debate para dentro dos movimentos e entidades que estarão lá no seminário, mas também uma plataforma de debate com a sociedade. É uma perspectiva de ter um projeto de nação em construção e debate”, analisa.
“O mais importante disso é ter todos os setores que trabalham no campo, nas matas, nas florestas e nas águas, os movimentos sociais e os intelectuais. É a gente poder discutir e tratar uma plataforma comum que nos ajude a mobilizar e unificar toda essa rica diversidade de atores sociais que estão juntos na luta por um país que permita um avanço rumo a reforma agrária consistente, a um processo de expansão da agricultura familiar”, aposta Peixoto.
Edição: Vivian Fernandes