A escolha da comida deve ir além do sabor e da aparência. Outros fatores também devem ser considerados na hora de ir às compras. Isto é o que defende o movimento Slow Food.
“É preciso priorizar um alimento bom, limpo e justo para todos”, alerta Glenn Makuta, articulador do movimento no Brasil. Ele explica que o alimento deve ter bom sabor; deve ser cultivado de maneira limpa, sem prejudicar nossa saúde, o meio ambiente ou os animais; e os produtores devem receber o que é justo pelo seu trabalho.
Makuta participou do Seminário Terra e Território: Diversidade e Lutas, realizado entre os dias 6 e 8 de junho na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema (SP).
“O consumidor, a partir do momento que é informado e engajado, se torna coprodutor. Uma vez que ele financia um modelo de produção, distribuição e de trabalho a partir de suas escolhas”, diz.
Glenn destaca que o agronegócio padronizou a produção agrícola. Este modelo tem como base a mecanização, o uso intenso de agrotóxicos e de insumos químicos. "Esta forma de produção de alimentos leva à extinção de várias culturas alimentares", alerta.
“É a partir desse modelo que a gente já perdeu 75% da biodiversidade alimentar”, o dado indicado por Glenn refere-se a um estudo divulgado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
“Se a gente considera que a agricultura existe há 10 mil anos e nos últimos 70 anos já perdemos tudo isso, é muito grave, inclusive para nossa própria soberania”, alertou.
O caso do milho é bastante emblemático. “Ele é originário das Américas. É o alimento da América Central que se expandiu por todo o continente. E hoje é uma das principais commodities do mundo. Esse grão passou pelo processo de patenteamento, do desenvolvimento das sementes híbridas e atualmente está nesse modelo de modificação genética, começando pela transgenia e por outras tecnologias, inclusive ainda não são regulamentadas”, ilustra.
As patentes são usadas para garantir direitos de propriedade sobre as sementes modificadas tecnologicamente. O controle dos grãos está nas mãos de apenas cinco empresas (Cargill, Monsanto/Bayer, ADM, Dreyfuss e Bunge), segundo o Atlas do Agronegócio.
O articulador do Slow Food Brasil alerta para o risco de comercialização dessas sementes modificadas no país sem que antes passem por uma comissão técnica responsáveis por analisar esse tipo de tecnologia. E lembra do risco que isso representa alguns povos indígenas que têm o milho na sua base alimentar.
A entrevista completa está disponível em áudio.
Acompanhe no Brasil de Fato a cobertura especial do evento.
Edição: Vivian Fernandes