Entre os mais de 300 participantes do Seminário Terra e Território: Diversidade e Lutas, realizado na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), parlamentares de esquerda reforçaram o compromisso com a luta dos movimentos populares e sindicais, intelectuais, gestores públicos e demais organizações ligadas a temas agrários e ambientais.
O encontro, que acontece entre os dias 6 e 8 de junho em Guararema (SP), tem o objetivo de construir uma ampla articulação em defesa da soberania nacional, e lança neste sábado (8), em um ato político uma carta de compromissos com o povo brasileiro e o meio ambiente.
O deputado Nilto Tatto (PT-SP), um dos presentes, alerta que uma agenda de retrocessos sociais e ambientais tem sido posta em prática pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL). Para o parlamentar, o cenário exige duas tarefas: compreender os desafios brasileiros e trabalhar em unidade.
“É um momento de entender o que estamos vivendo para poder conjugar e construir plataformas e ações conjuntas”, defende Tatto ao se referir à ampla articulação agrária e ambiental construída ao longo dos debates no seminário.
Um dos temas presentes no encontro é a defesa da alimentação saudável. O governo federal, no entanto, tem batido recordes na liberação de agrotóxicos. De janeiro até maio, 169 registros foram validados pelo Ministério da Agricultura, liderado por Tereza Cristina.
Para o coordenador do Núcleo Agrário da bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara, o deputado João Daniel (SE), a situação é sintomática. Ele lembra a relação da ministra Tereza Cristina com a indústria de agrotóxicos, que recebeu doações de executivos diretamente ligados ao ramo na sua campanha para o Legislativo.
"Lamentavelmente, é uma ministra e um governo que têm compromisso com as grandes corporações, do agrotóxico, das grandes transnacionais, e não com o povo”, pontua.
Já o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) chamou a atenção para a previdência rural. Na proposta de reforma da Previdência, PEC 6/19, principal agenda do governo Bolsonaro, o tempo de contribuição do trabalhador rural sobe de 15 para 20 anos.
Na avaliação de Teixeira, a medida representa um retrocesso que “vai impedir a aposentadoria do homem e da mulher do campo”. “Vinte anos de contribuição é um tempo muito grande para o trabalhador rural. Isso porque nem sempre ele está no momento de sua safra. No ano em que não há safra ou ele não consegue comercializá-la, é difícil contribuir.”
O agricultor e deputado Carlos Veras (PT-PE) lembrou a importância da organização da juventude nesta articulação. Antes de chegar ao Congresso, ele participou do programa Jovem Saber, criado em 2004 pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag).
A ideia da ação é organizar a juventude do campo para participar ativamente de sua comunidade e transformar seu território. “Discutir políticas com a realidade local possibilita as pessoas entenderem que podem mudar a sua realidade e o seu local. O que precisa é a organização e a participação. A política pode transformar a vida das pessoas”, defende Veras.
Edição: Vivian Fernandes