Preso político desde abril de 2018 na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta terça-feira (11) a visita de seu advogado e ex-presidenciável Fernando Haddad (PT). Após encontro privado com Lula, Haddad analisou os desdobramentos da série de reportagens do portal The Intercept Brasil, que revelaram um conluio judicial contra o ex-presidente.
Em entrevista coletiva, Haddad mostrou-se confiante quanto à reparação da prisão sem provas e disse que observou essa mesma segurança em Lula. “Ele está seguro que, em seu caso, foi cometido um erro que vai ser reparado pelos tribunais superiores. O país precisa ter acesso a todo o material, e o importante é que ele não foi desmentido, quer dizer, os diálogos foram confirmados. Isso já é relevante", ressaltou.
"Eu fiz uma visita de rotina como advogado do presidente Lula. Ele mantém a esperança -- agora mais sólida -- de que a verdade vai prevalecer e que as coisas vão se revelar aos poucos. E ele sabe que é um processo lento, que exige cautela e cuidado, mas está cada vez mais confiante de que toda a verdade a seu respeito vai ser revelada. E que sua inocência vai ser, ao final, comprovada", acrescentou.
Segundo Haddad, a defesa do ex-presidente aguarda a divulgação completa do material para tentar viabilizar as medidas reparadoras e a responsabilização dos envolvidos. A parcialidade do atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, será julgada no Supremo Tribunal Federal (STF) no próximo dia 25.
“Haverá muitos momentos em que a reparação poderá ser feita, e esses fatos novos, evidentemente, colaboram com a nossa versão inicial dos fatos. Eu entendo que, a partir do momento em que tudo for revelado, vai ficar mais fácil para a opinião pública e para as cortes superiores tomarem a decisão reparadora desse enorme prejuízo causado à figura de um presidente da República”, disse o ex-ministro da Educação.
Ex-prefeito da cidade de São Paulo, Haddad também valorizou o legado de Lula no combate à corrupção e na defesa dos interesses do povo brasileiro. "Ele sabe que, como presidente, deu todas as condições para as instituições funcionarem em combate à corrupção, e isso é dito pelas próprias instituições. Ele foi o presidente que mais fez no sentido do fortalecimento dos instrumentos destinados ao combate à corrupção".
Para o advogado, os indícios de parcialidade de Moro são anteriores aos vazamentos do último domingo (9). “A minha opinião é sobejamente conhecida. Eu penso que, desde a violação do sigilo da presidenta da República, Dilma Rousseff, não havia condições de sustentar o Moro no processo. Aquilo já foi um fato suficientemente grave. Infelizmente, aquilo não foi compreendido na sua gravidade e, agora, o que nós estamos vivendo é o desdobramento de medidas que deixaram de ser tomadas no momento oportuno”, criticou.
Na manhã desta quarta-feira (12), Lula concede entrevista à TVT. Os jornalistas Juca Kfouri e José Trajano conduzirão a primeira conversa de Lula com um veículo de imprensa depois da publicação das denúncias expondo a farsa jurídica em torno da operação Lava Jato.
Edição: Daniel Giovanaz