Sindicatos de trabalhadores em todo o Rio Grande do Norte (RN) paralisam suas atividades, a partir desta sexta-feira (14), em decorrência da Greve Geral mobilizada em todo o Brasil. De acordo com as Centrais Sindicais que convocam o movimento, o objetivo da paralisação é tentar barrar os ataques do Governo Federal quanto aos direitos dos trabalhadores, principalmente no tocante à Reforma da Previdência.
No estado, quatro Centrais mobilizam sindicatos filiados e agrupamentos de trabalhadores: a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a qual tem 216 sindicatos e três federações; a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), com 15 sindicatos; a Central Sindical e Popular Conlutas (CSP Conlutas), com três sindicatos; e a Intersindical, que compõe dois sindicatos junto à CSP Conlutas. Para além dos sindicatos, outros movimentos também se juntam as ações, a exemplo da Frente Brasil Popular, da Frente Povo Sem Medo e da Frente Potiguar em Defesa da Previdência.
A presidenta da CUT, Eliane Bandeira, afirma que desde o mês de fevereiro já foram realizadas cerca de 150 audiências públicas em todo o estado, além de panfletagem e atos, mantendo como pautas a MP 871 (que trata sobre as novas regras do INSS), a MP 873 (que retira a obrigatoriedade da contribuição sindical) e a Reforma da Previdência. “O Governo escolheu como inimigo número 1, a educação; inimigo número 2, os trabalhadores; e inimigo número 3, o Movimento Sindical. Então, dia 14 será o fechamento da primeira etapa dessa batalha que é a Greve Geral”, afirma.
Para Wellington Duarte, presidente executivo da CTB, a Greve Geral serve também como o propósito de tentar alertar a população em relação as políticas danosas do Governo Federal quanto aos trabalhadores. Segundo ele, todos os 15 sindicatos filiados já aprovaram a paralisação. “A adesão dos trabalhadores sindicalizados está sendo total”, destaca.
As outras Centrais que também constroem o movimento de greve, tanto a CSP Conlutas como a Intersindical, ressaltam que embora não tenham tantos sindicatos filiados, há uma massiva participação dos trabalhadores em volta das pautas que atacam os direitos trabalhistas. Toda essa aderência e união das Centrais em torno de uma pauta única, inclusive, faz acreditar que a manifestação projetada para o dia 14 seja maior que a Greve Geral ocorrida em 2017.
“Imaginamos que, considerando a greve geral de abril de 2017, já que a reforma atual é muito mais grave e danosa, a expectativa é que se tenha mais pessoas nas ruas. Esses diversos ataques constantes, faz somar novos agrupamentos de pessoas a esse quantitativo de 2017”, afirma o diretor da coordenação estadual da Intersindical, Santino Arruda.
Pautas de luta
A Reforma da Previdência segue sendo a principal pauta que unifica todos os movimentos e sindicatos em torno da Greve. Eliane Bandeira ressalta que isso se deve muito pelo Governo tentar distrair a atenção de pontos cruciais na proposta da Previdência, a exemplo da capitalização de recursos, a qual retira a obrigatoriedade de empresários e membros do Governo de contribuírem, passando a ser uma contribuição apenas por parte do trabalhador.
Além disso, ela diz que é essencial discutir também sobre a desconstitucionalização da proposta, que possibilita a modificação da Reforma, em qualquer momento, através de medidas provisórias e emendas aprovadas por maioria simples no Congresso Nacional.
As Centrais Sindicais que aderem à Greve, para além da pauta sobre a Previdência, também colocam a importância de se discutir outros temas durante a mobilização, embora haja uma divergência entre os setores.
De acordo com Alexandre Guedes, secretário executivo da CSP Conlutas estadual, o problema não está apenas na previdência pública, nem na educação que, segundo ele, consome apenas 3,6% do orçamento. “O problema está no endividamento do país, porque quanto mais se paga, mais se deve, e isso já consome metade do orçamento público do país”, explica.
Já a CUT também destaca a importância para pauta do “Lula Livre”, por achar que isso evidencia a defesa de um projeto político para o país. “Essa pauta do Lula Livre não é unificada nas Centrais, mas a CUT traz isso dentro de suas bandeiras de luta, não por compreender que o que está em jogo é um partido político, mas sim um projeto”, ressalta a presidenta da organização.
Embora se tenham essas divergências dentro do movimento, o sindicalista da CSP Conlutas afirma que há uma compreensão de que as Centrais têm concepções diferentes, entretanto, colocar na ordem do dia aquilo que unifica a classe trabalhadora, pode-se avançar ainda mais a luta contra os ataques do Governo.
“Temos que aproveitar todo esse processo, por exemplo, para construir conselhos populares, que podem iniciar de maneira frágil, mas tendem a se fortalecer, e a partir deles construir uma alternativa de poder na sociedade, para barrar as investidas do empresariado e seus agentes”, afirma Alexandre Guedes.
Dentro do que unifica todos os sindicatos, há um destaque para a luta contra os cortes na educação, pauta que recebeu bastante aderência em atos promovidos por movimentos sociais e de estudantes, a exemplo das manifestações ocorridas nos dias 15 e 30 de maio. “A Greve Geral é no sentido de trazer a população para o nosso lado, e mostrar a ela o quanto tem sido ruim esse Governo ao trabalhador de uma forma geral”, explica o presidente executivo da CTB, que também confirmou a adesão dos professores da UFRN à Greve.
Outra questão que os sindicatos também pautam, para as paralisações do dia 14, é em relação a MP 873, a qual retira a obrigatoriedade da contribuição sindical no desconto em folha. A presidenta da CUT, Eliane Bandeira, afirma que, sabendo do poder de organização e mobilização dos sindicatos com os trabalhadores, essa proposta vem no intuito de enfraquece-los.
“Nossa intenção é mostrar a força da classe trabalhadora, pois um dia que cruzamos os braços, é um dia de prejuízos para o empresariado. Somos nós que produzimos as riquezas desse país. E a gente sabe que para a classe trabalhadora sair vitoriosa, barrar a reforma da previdência, barrar os cortes na educação, barrar os ataques a organização sindical, nós só temos um caminho: ocupar as ruas, resistir e lutar”, conclui.
Edição: Marcos Barbosa