Esta quarta-feira (19) foi marcada pela visita da presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, e do candidato do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) à presidência na última eleição, Guilherme Boulos, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba (PR), em que Lula é preso político há 438 dias.
Após a visita, os dois visitaram a Vigília Lula Livre, onde conversaram com a militância que resiste no local próximo à PF desde a prisão do ex-presidente, e comemoraram o aniversário de 37 anos de Guilherme Boulos.
Em entrevista ao Brasil de Fato, Gleisi Hoffmann mostrou-se confiante com os possíveis desdobramentos dos vazamentos de diálogos entre Sérgio Moro e outros membros da força-tarefa da Lava Jato.
Ela comemorou que "a verdade esteja vindo à tona" e afirmou que as provas de parcialidade de Moro publicadas pelo site The Intercept devem ser levadas em conta no julgamento do habeas corpus de Lula marcado para o próximo dia 25 de junho, no Supremo Tribunal Federal (STF): "Lula tem que ser libertado e o processo tem que ser anulado".
A presidenta do PT comentou ainda sobre a convocação de Moro ao Senado para explicar-se sobre o conteúdo dos vazamentos.
"Ele tá falando platitudes e fazendo cara de paisagem. Ele não tem moral. Moro não tem moral para falar contra os vazamentos que aconteceram. Não são vazamentos, é a explicitação da verdade. Ele está dizendo que tem que ver a fonte. Ele vazou um monte de coisa, expôs Lula, expôs Dilma, expôs a família. Ele agora reclama disso? Ele mesmo disse quando vazou o grampo do Lula e da Dilma que não poderia ter grampeado. Ele mesmo disse que o que importava era o conteúdo e não a forma", opinou Hoffmann.
Boulos, que visitou Lula pela segunda vez desde sua prisão em 7 de abril de 2018, disse que a conclusão de sua conversa com o ex-presidente sobre o momento de mobilizações populares contra a reforma da Previdência de Jair Bolsonaro (PSL) e os cortes na educação feitos pelo governo foi de que "cada vez mais pessoas estão dispostas a escutar e a se mobilizar percebendo que a aposta no Bolsonaro foi uma aposta que não atende aos interesses da maioria".
Assim como Hoffmann, ele classificou como contundentes e irrefutáveis as provas reveladas pelo The Intercept sobre a conduta "politicamente direcionada" do então juiz Sérgio Moro, em conluio com Deltan Dallagnol, do Ministério Público Federal (MPF). Boulos comemorou as revelações que, segundo ele, comprovam que a militância que denunciava a prisão política de Lula "estava do lado certo da história".
"Lula compartilha de um diagnóstico conosco de que os ventos começaram a virar. Tinha um cenário que o Bolsonaro construiu desde o processo eleitoral muito marcado pelo medo, pelo ódio. As pessoas estavam intimidadas. Ele assume com um discurso autoritário contra movimentos sociais. Esse jogo começou a virar", concluiu o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
Assista ao vídeo da visita de Gleisi e Boulos à Vigília Lula Livre:
Edição: Rodrigo Chagas