O programador sueco Ola Bini, detido sem acusação formal no Equador desde 11 de abril deste ano, prestará depoimento a investigadores estadunidenses no dia 27 de junho. Ele aguarda, no entanto, o julgamento de seu habeas corpus nesta quinta-feira (20).
“Não há nada concreto. É como se acusassem de homicídio mas não dissessem quem matou, onde está o cadáver e como matou. É uma detenção ilegal e agora a Justiça constitucional tem a oportunidade de devolver a liberdade para o senhor Bini para exercer o direito de defesa como manda a Constituição, por assim dizer, em liberdade”, disse Mario Melo, seu advogado, à Radio Rayuela.
O ativista digital e defensor do direito à privacidade foi detido logo após a prisão do fundador do Wikileaks, Julian Assange. Ele vivia em Quito, capital do Equador, e estava no aeroporto indo ao Japão para um evento de artes marciais.
Nenhum mandado ou acusação formal foi apresentada contra Ola Bini, que tinha autorização para viver e trabalhar no país. Mas o presidente Lenín Moreno afirmou que ele “estaria tramando contra o governo”, apesar de nenhuma acusação ter sido apresentada até o momento.
Sobre o depoimento aos estadunidenses, segundo a Associated Press, não está clara qual a razão da conversa, e porta-vozes do Departamento de Justiça dos EUA se recusaram a comentar o caso. Há a possibilidade de quererem usá-lo como testemunha no caso de Assange ou aprofundar a perseguição contra o programador.
Além disso, seus computadores e equipamentos eletrônicos foram enviados aos EUA. “A notícia disso chegou até a gente como uma notícia internacional que dizia que altas autoridades informaram que decodificaram algumas coisas de Ola Bini, ao invés de nos informarem, dizerem qual o processo, informam à CNN e, assim, nós, os advogados, não podemos exercer o direito de defesa”, reclama Melo.
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira