A 17ª edição da Caminhada das Mulheres Lésbicas e Bissexuais ocorre neste sábado (22), em São Paulo (SP). Com concentração às 14h na Avenida Paulista, no vão do Masp, a marcha antecede a Parada do Orgulho LGBT, com o objetivo de fomentar discussões políticas em torno do tema e dar visibilidade às "mulheres que resistem a todo o contexto de ódio".
A militante Juliana Oliveira, da organização da caminhada, reitera que a organização é autônoma, realizada por diversos coletivos e militantes independentes que tentam politizar o debate trazido por um dos maiores eventos do calendário paulistano, no domingo (23).
"Até mesmo como oposição política à Parada, a gente não aceita financiamento de nenhuma em empresa e partido", explica.
Neste ano, a Parada LGBT terá 19 trios elétricos e investimento de R$ 1,8 milhão da Prefeitura de São Paulo em apoio ao evento. Outras empresas também são patrocinadoras, como Uber, Burguer King e Amstel.
Ela entende que a Parada deixa a desejar em relação às pautas políticas. "A gente conhece a parada, acho que tem um caráter muito festivo e acaba perdendo um pouco a visibilidade política. A compra da Parada por algumas empresas, extremamente capitalistas, apagam algumas pautas", completa.
A militante lembra que em 2018 um estudo inédito mapeou a violência contra mulheres lésbicas. Entre 2014 e 2017, 126 lésbicas foram brutalmente assassinadas no país, segundo relatório do Grupo de Pesquisa Lesbocídio, do Núcleo de Inclusão Social (NIS), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Ela afirma que há um apagamento das motivações dessas mortes. "Eu acredito que o lesbocídio, seja contra lésbicas ou contra bissexuais, vai um pouco além de apenas estar no grupo homossexual. Ainda tem um caráter muito machista", defende.
Ela afirma que a caminhada também vai pontuar pautas que são esquecidas como, por exemplo, saúde das mulheres lésbicas e bissexuais.
Neste ano, o mote do protesto é "A política do ódio não nos representa: mulheres lésbicas e bis, trans e cis, na mesma luta pela vida e por liberdade". O ato encerra na praça da República com apresentações de artistas independentes, com as bandas Mulamba, Umbilichaos, Mioma e Sapataria.
Edição: Rodrigo Chagas