Em busca de ampliar o diálogo com a população, os comitês Lula Livre, organizados em todo o Brasil, atuam para difundir informações de interesse público sobre o que classificam de conluio para prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em solos nacionais e internacionais, diversas atividades aconteceram nesta segunda-feira (24), nomeada de Dia Nacional de Agitação por Lula Livre.
Em São Paulo (SP), um ato foi realizado na Praça da República, onde manifestantes debateram a parcialidade e a perseguição do ex-juiz Sérgio Moro, que levaram à condenação e prisão política do petista. As principais reivindicações foram anulação dos julgamentos, imediata libertação e pleno reconhecimento da inocência do ex-presidente.
“Ações como essa de ocupar a praça são importantes. Ainda estamos podendo fazer isso, mas, nessa conjuntura política, eu acho que, a curto prazo, também teremos dificuldades de fazer ações de mobilização popular para poder dialogar sobre a democracia”, questionou Juliana Cardoso (PT), vereadora por São Paulo.
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A programação do Dia Nacional de Agitação por Lula Livre contou com um amplo trabalho de base, com panfletagens e "faixaços", além de atividades criativas em praças, comunidades, festas juninas, igrejas e assentamentos.
Juliana Cardoso participou do ato na região central da capital paulista, e alertou sobre a conduta do governo de extrema direita de Jair Bolsonaro (PSL). Segundo a vereadora, o país vive um golpe de Estado.
“Precisamos estar muito atentos no que está acontecendo. É muito sério, não a ponto de ficar com medo, mas de entender o momento político e tentar pensar em novas estratégias para poder assegurar o direito da classe trabalhadora, mas também de pessoas e lideranças dos movimentos que fazem hoje a linha de frente contra esse governo fascista”, ressaltou Cardoso.
O objetivo das mobilizações foi também de sensibilizar a população sobre as arbitrariedades da operação Lava Jato, principalmente após os desdobramentos da série de reportagens do portal The Intercept Brasil, que revelaram um conluio judicial contra o ex-presidente Lula.
“O Intercept só veio reforçar a farsa que foi a Lava Jato em criminalizar pessoas da esquerda, do Partido dos Trabalhadores, dos partidos de esquerda e dos movimentos sociais”, afirmou Isabel Frontana, integrante do Coletivo Resistência.
Mais de 20 organizações formam o Comitê de Coletivos pela Democracia e por Lula Livre, a maioria delas atuantes há cerca de três anos em diversas localidades.
“Enquanto Lula não estiver livre, nós vamos estar aqui todos os dias, [faça] sol ou chuva”, reforçou Aparecido Lima, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, direto da Praça da República.
Nos atos desta segunda-feira, os comitês Lula Livre distribuíram uma publicação que traz parte das mensagens entre o procurador da República Deltan Dallagnol e o atual ministro da Justiça e Segurança Pública de Bolsonaro, Sérgio Moro.
“A importância disso é que a gente precisa conversar com o povo para quebrar esse discurso da mídia que o tempo todo diz que o Lula é bandido, que o Lula roubou. Quer dizer, aquela voz única de condenação ao presidente Lula. O Lula foi condenado através da mídia. Ele mesmo diz que o Moro não podia deixar de condená-lo porque já tinha agido através da mídia para sua condenação, não como um juiz”, destacou Daniel Kenzo, do Coletivo Coração Lula Livre.
Preso político desde abril de 2018 na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), Lula ocupava o primeiro lugar da corrida presidencial de 2018.
O Dia Nacional de Agitação por Lula Livre contou com o tradicional “Boa noite, presidente Lula” em diversos estados, como Rio de Janeiro, Santa Catarina, Amapá, Rondônia, Bahia e Distrito Federal, além de uma ação popular em Caracas, na Venezuela.
Curitiba é uma das capitais com atividades diárias em defesa do ex-presidente na Vigília Lula Livre, localizada em frente à sede da Polícia Federal desde a prisão do petista.
“Logo após a prisão do Lula teve a Vigília Lula Livre, que está lá até hoje, e é um marco de resistência, um exemplo de luta para todo mundo”, enfatizou Kenzo, que também integra o Comitê Popular Lula Livre da Zona Oeste de São Paulo.
Nesta terça-feira (25), a parcialidade de Moro seria julgada no Supremo Tribunal Federal (STF) junto a um habeas corpus que pede a suspeição do ex-juiz no caso do triplex do Guarujá. No entanto, o ministro Gilmar Mendes pediu o adiamento por entender que não haveria tempo suficiente para a análise do caso.
Nesta tarde, os advogados de Lula enviaram um ofício a presidente da Segunda Turma, ministra Cármen Lúcia, para garantir que o julgamento fosse realizado. A defesa do petista argumenta que habeas corpus e causas criminais com réu preso têm prioridade. Com o adiamento, no entanto, o processo pode voltar a julgamento apenas em agosto, após o recesso do Judiciário.
Edição: Rodrigo Chagas