Os movimentos de moradia da cidade de São Paulo estão organizando uma vigília na frente do 89º DP (rua Domingos Simões, 21, Vila Sônia, Zona Sul), que é para onde foram transferidas três das quatro lideranças populares presas na segunda-feira (24) pelo aparelho repressor do governador João Dória (PSDB) – numa operação típica de criminalização, até aqui pouco transparente. As pessoas detidas respondem a processos ainda inconclusos, têm residência fixa, trabalho comprovado e estavam colaborando com as investigações.
São prisões temporárias, podendo durar até cinco dias. Ao todo, 17 lideranças de diversos movimentos estão sendo investigadas por supostamente extorquirem moradores das ocupações com cobranças de taxas.
O delegado André Vinícius Figueiredo afirma que as prisões são decorrência do inquérito que teve início após o incêndio no edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandú, em 1º de maio de 2018. A tragédia deixou sete vítimas fatais, duas desaparecidas e 291 famílias desabrigadas.
Figueiredo alega que uma “denúncia anônima” supostamente feita depois do incêndio deu início às investigações contra os movimentos. Durante um ano, ele teria ouvido testemunhas e realizado interceptações telefônicas que agora serviram de base para os pedidos de prisão. Como o inquérito corre em segredo de justiça, a defesa dos acusados ainda não teve como conhecer os detalhes de tais procedimentos.
Estão presas no 89º DP as líderes Angélica dos Santos Lima, Janice Ferreira Silva (conhecida como Preta Ferreira) e Ednalva Silva Ferreira. O quarto preso, Sidney Ferreira Silva, foi levado para a carceragem do 2º DP, no Jaraguá. Além deles, há mandatos contra mais cinco pessoas, entre elas Carmen Ferreira, mãe de Preta e Sidney. Carmen é coordenadora da Frente de Luta por Moradia (FLM) e estava fora da cidade durante a execução dos mandatos.
Os movimentos pretendem permanecer em vigília na frente do 89º DP até que as lideranças sejam soltas. Para amanhã (26) está marcado ato contra a criminalização da luta por moradia, a partir das 13h no Pátio do Colégio. Os manifestantes seguirão em marcha até a Secretaria Estadual de Segurança Pública e, depois, para o Tribunal de Justiça. Também está marcada uma reunião com a bancada do PT na Assembleias Legislativa de São Paulo.
*Com informações de Rute PIna
Edição: João Paulo Soares