O presidente Jair Bolsonaro (PSL) e sua comitiva chegaram a Osaka, no Japão, demonstrando desconforto com as sinalizações públicas de Emmanuel Macron, presidente da França, e de Angela Merkel, chanceler alemã.
O principal ponto das falas de ambos líderes europeus é a questão ambiental. Em discurso ao Parlamento alemão, Merkel afirmou ver com “grande preocupação a questão da atuação do novo presidente brasileiro” e qualificou o cenário das políticas para o ambiente, especialmente em relação à Amazônia, como “dramático”.
A Alemanha, junto à Noruega, é parte fundamental do financiamento do Fundo Amazônia. A chanceler afirmou que pretende tratar da questão da preservação ambiental com Bolsonaro durante a cúpula do G20, que reúne as vinte maiores economias globais.
O presidente brasileiro reagiu assim que chegou ao Japão: “Temos exemplo a dar à Alemanha, inclusive sobre meio ambiente. Eles têm a aprender conosco”, afirmou.
Bolsonaro afirmou ainda que não pretende se alinhar em possíveis disputas entre China e EUA, acerca de temas de comércio internacional. Questionado sobre um possível acordo bilateral com os Estados Unidos de Trump, Bolsonaro abandonou o grupo de jornalistas que o entrevistavam.
“Estamos buscando paz e harmonia, como estamos trabalhando aqui a questão do [acordo] Mercosul e União Europeia”, afirmou antes da saída abrupta.
A questão é que Macron declarou que uma possível saída do Brasil do Acordo de Paris, que busca fomentar medidas contra o aquecimento global, inviabilizaria qualquer tipo de aliança entre os dois blocos. O tema das mudanças climáticas é tratado como secundário pelo atual ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
Tráfico internacional
O fim repentino da entrevista de Bolsonaro aos jornalistas presentes no Japão foi creditado pela comitiva brasileira ao cansaço da viagem, e não à polêmica em torno da prisão de sargento da Aeronáutica preso na Espanha pela tentativa de tráfico de 39 quilos de cocaína.
Apesar da negativa oficial, o fato abalou a imagem do governo na imprensa internacional logo antes da reunião do G20.
O Le Monde, publicação francesa, noticiou a questão da seguinte forma: “Bolsonaro abalado pelo caso do Aerococa”. Já o New York Times escreveu “Pós branco, caras vermelhas: carga de cocaína a bordo de avião presidencial brasileiro”.
No Japão, o general da reserva Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional se limitou a afastar a responsabilidade de sua pasta a responsabilidade pelo caso e a minimizar o acontecido.
“Cada um tem seu cada qual. A revista de passageiros e de malas para aviões da FAB fica a cargo da FAB, que não é subordinada a mim. Podia não ter acontecido, né? Falta de sorte ter acontecido justamente na hora de um evento mundial”, justificou-se.
Sem agenda oficial, Bolsonaro fez turismo em Osaka nesta quinta-feira (27).
Edição: Rodrigo Chagas