Após uma série de informações desencontradas e contraditórias entre as comitivas brasileira e francesa, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) teve um encontro nesta sexta-feira (28) com Emmanuel Macron, em meio à reunião do G20 que ocorre em Osaka, no Japão.
Inicialmente, chegou-se a anunciar que encontro com Macron estava cancelado. Representantes franceses afirmaram que nunca houve reunião formal marcada entre os dois, e o que se discutiu foi uma conversa informal. Jornalistas europeus afirmaram não terem sido avisados da possível agenda.
A delegação brasileira replicou afirmando que os franceses tentaram adiantar o encontro para a noite de quinta-feira (27), o que seria impossível para Bolsonaro, que acabaria de chegar de viagem. Os dois presidentes, por fim, conseguiram conversar por cerca de 15 minutos nesta sexta-feira.
Bolsonaro convidou o francês a conhecer a Amazônia e se comprometeu a manter o Brasil no Acordo de Paris, que prevê metas e medidas a serem adotadas por seus signatários para combater o aquecimento global.
Polêmica
Os desencontros ocorreram após Macron afirmar publicamente que um acordo comercial entre Mercosul e União Europeia seria inviabilizado caso o Brasil se retirasse do pacto ambiental.
Nesta sexta-feira, após duas décadas de negociações, os dois blocos anunciaram que a aliança comercial foi fechada. Os termos e prazos não foram anunciados, mas se fala que o bloco sul-americano teria uma década para reduzir suas tarifas para importação. A primeira iniciativa de um acordo entre os dois blocos se deu entre Fernando Henrique Cardoso e Jacques Chirac.
Um setor que celebra o acordo é o agronegócio brasileiro, que terá seu mercado exportador possivelmente ampliado. De outro lado, industriais brasileiros esperam com anseio os detalhes do acordo brasileiro.
A sinalização de Bolsonaro representa um recuo em relação às suas promessas de campanha, que previam a retirada brasileira do Acordo de Paris. Além disso, o atual chanceler brasileiro considera o aquecimento global um tema secundário, fruto de teorias oriundas de intelectuais de esquerda, linha que encontra ecos no próprio Ministério do Meio Ambiente.
Integrantes do Itamaraty ouvidos pelo Brasil de Fato afirmaram que houve uma longa articulação prévia entre diplomatas dos dois países para que os presidentes se encontrassem no Japão, confirmando a informação oficial da delegação brasileira, mas apontando para a suposição que a divergência de versões é consequência de uma visão negativa dos franceses em relação a Bolsonaro.
Edição: Aline Carrijo