No último dia 25 de junho, durante reunião da Comissão de Segurança Pública e Assuntos Penitenciários da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), o deputado estadual Sargento Neri (Avante), ao comentar a morte de policiais na capital paulista, afirmou. “É uma vergonha nós perdermos três policiais, um garoto alvejado na cabeça, e não fazermos uma operação para matar dez. A resposta por um policial morto são dez ladrões mortos. É o mínimo. Da Policia Militar que eu venho, nós não entregávamos uma viatura para a outra equipe enquanto não se pegasse o ladrão. Nós não faríamos o velório do policial enquanto não estivesse no necrotério o corpo do ladrão. Isso é fato, isso é guerra.”
O vídeo da audiência tem circulado entre grupos de WhatsApp de agentes da Polícia Militar, confira:
Durante a sessão, presidida pelo deputado Delegado Olin (PP), o Sargento Neri criticou o comando da Polícia Militar e o Secretário de Segurança Pública de São Paulo, o general João Camilo Pires. “Eu dei aula para formação de soldados por quase 12 anos. Quando eu comecei a perder meus alunos, eu parei de dar aulas. Eu não formei aluno para morrer, eu formei aluno para matar e sobreviver. Hoje, o que nós temos é um comandamento (sic) fraco e um secretário de segurança fraco, nós precisamos de homens na Polícia Militar, Polícia Civil e secretaria que entendam de segurança pública”, encerrou.
A Comissão de Segurança Pública e Assuntos Penitenciários da Alesp possui onze membros. Apenas Luiz Fernando Ferreira (PT) e Isa Penna (Psol) são oposição ao governo. Ambos faltaram na sessão do dia 25 de junho. O petista não foi localizado por sua assessoria de imprensa para comentar as declarações do Sargento Neri.
Para a deputada do Psol, o discurso do parlamentar do Avante é “uma consequência direta da política de ódio, que vem desde [Jair] Bolsonaro, passa pelo [João] Dória e chega da forma mais ignorante até o baixo clero”.
De acordo com Isa Penna, o caso pode ser levado à Comissão de Ética da Alesp: “Com certeza faremos uma representação.”
Benedito Mariano, Ouvidor da Polícia Militar, criticou as declarações do Sargento Neri. “Na minha prática, como Ouvidor, não posso afirmar que acontece isso. Ele é deputado e tem foro privilegiado, não concordo da avaliação dele. Eu conheço o deputado Neri e toda vez que morre um policial militar, e nessa semana morreram dois, tem falas exacerbadas. A Ouvidoria tem preocupação com a letalidade policial e também com a vitimização do policial. Não concordamos com qualquer tipo de vingança quando eventualmente um agente do Estado é vitimado no exercício de sua função.”
A assessoria de imprensa do deputado Sargento Neri afirmou que o parlamentar não faria comentários sobre suas declarações na Alesp e que a reportagem do Brasil de Fato poderia usar o que foi dito durante a audiência.
Edição: Rodrigo Chagas