Judiciário

Relator especial da ONU recebe lista de violações cometidas pela Lava Jato

Oito entidades brasileiras denunciaram casos em que o princípio da independência judicial foi desrespeitado na operação

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Diego García-Sayán, relator especial das Nações Unidas sobre a independência judicial dos magistrados e advogados
Diego García-Sayán, relator especial das Nações Unidas sobre a independência judicial dos magistrados e advogados - Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

Oito entidades brasileiras ligadas ao campo jurídico denunciaram nesta terça-feira (2) a Diego García-Sayán, relator especial das Nações Unidas sobre a independência judicial dos magistrados e advogados, uma série de violações cometidas no âmbito da operação Lava Jato. A Articulação Justiça e Direitos Humanos (JusDh), a Associação Juízes para Democracia (AJD), a Associação Latino-americana dos Juízes do Trabalho (ALJT), a Terra de Direitos, o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), a Justiça Global, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e o Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social (Cendhec) listaram casos em que a Lava Jato feriu o princípio da independência judicial.

No documento, as organizações demonstram preocupação com o Estado Democrático de Direito e citam a série de reportagens divulgadas no início de junho pelo portal The Intercept -- que escancarou o papel do então juiz Sergio Moro como "coordenador informal" da força-tarefa da Lava Jato.

As organizações pedem que o relator solicite informações e envie recomendações ao Estado brasileiro, e que permaneça acompanhando o caso. “A independência judicial constitui a segurança de que todas as pessoas podem contar com um Judiciário forte e imparcial, que garanta a realização do modelo de sociedade contido na Constituição. (...) Daí decorre a garantia de que ninguém será processado e condenado a partir de pressões externas ou da vontade subjetiva de quem está investido nesse poder de Estado”, diz o texto.

Na 41ª Sessão Ordinária do Conselho de Direitos Humanos da ONU, no último dia 24 de junho, o relator especial Diego García-Sayán ressaltou que juízes e procuradores devem evitar qualquer atividade político-partidária que afete a imparcialidade ou que seja inconsistente com princípio de separação dos poderes.

Edição: Daniel Giovanaz