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Assentamento Monte Alegre, no Ceará, promove práticas para reaproveitamento da água

É um reaproveitamento das águas que são desperdiçadas no nosso dia-a-dia

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Sistema de tubulação permite que a água utilizada no cotidiano seja reaproveitada para irrigar plantações
Sistema de tubulação permite que a água utilizada no cotidiano seja reaproveitada para irrigar plantações - Reprodução/ Projeto Bioágua
É um reaproveitamento das águas que são desperdiçadas no nosso dia-a-dia

A escassez de água tem levado ao desenvolvimento de projetos para melhorar a convivência com a seca e a qualidade de vida do homem do campo em diversas localidades do semiárido brasileiro.

Em Tamboril, na região do Sertão do Crateús, no Ceará, está localizado o assentamento Monte Alegre, do MST, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Por lá, iniciativas como o Bioágua, projeto de reutilização das chamadas águas cinzas, tem feito a diferença na vida de agricultores da comunidade.

A técnica consiste na filtragem da água que inicialmente iria para o esgoto para que ela seja reutilizada para irrigar as plantações.

Faz pouco menos de seis meses que o agricultor Francisco Gilvando Santos de Souza resolveu colocar a experiência em prática. No caso dele, a água reaproveitada vem da limpeza do espaço onde ele cria seus animais.

Ele conta que utiliza aproximadamente 800 litros de água por dia para limpar as instalações. Antes do Bioágua, todo esse recurso era descartado após o primeiro uso.

Agora, após passar pelas camadas de filtragem, que envolvem serragem, esterco de caprino e pedras, o resultado é uma água fertilizada para irrigar as hortaliças e fruteiras produzidas na comunidade.

"É um reaproveitamento das águas que são desperdiçadas no nosso dia-a-dia. Para mim, ela foi ainda mais interessante porque ela já vem com um processo de adubação orgânica dos próprios animais, já vem com com fertilizantes", destaca.

Em lugares onde prevalece a seca, a água é um bem ainda mais precioso. Por isso, Gilvando ressalta a importância de seu reaproveitamento.

"A gente sofreu muito com essa questão da água. Comprávamos água para banho, para beber, cozinhar, para construir as nossas casas. Então a gente busca trabalhar essa questão do reaproveitamento na comunidade", afirma. 

Outra iniciativa presente no assentamento são os canteiros suspensos. A experiência está presente na comunidade há pelo menos quatro anos e foi adotada em diversos quintais produtivos dos assentados.

Essa prática foi levada ao assentamento pelo tio de Gilvando, um senhor já com idade avançada, que viu nos canteiros suspensos a possibilidade de mais conforto para o trabalho, sem a necessidade de se abaixar para fazer o manejo das hortaliças.

A técnica, como explica Gilvando, é bem simples e garante que as plantas permaneçam sempre molhadas.

"Dentro desse canteiro, em toda a armação dele, é utilizada uma lona plástica. Ela é coberta com material orgânico, um solo fértil e o esterco. Essa lona vai sustentar a água e, automaticamente, a umidade vai subir. Assim, as plantas vão ficar sempre bem verdes, porque essa umidade está na lona, abaixo desse solo que está sendo trabalhado", explica. 

Atualmente, 27 famílias vivem no Assentamento Monte Alegre, segundo Gilvando. Sendo que a comunidade conta com pelo menos 10 quintais produtivos em atividade, com foco principalmente em hortaliças.

Edição: Michele Carvalho