O percentual de famílias endividadas no Brasil aumentou pelo sexto mês consecutivo, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) nesta terça-feira (9). Cerca de 21,1% delas afirmam ter mais da metade de sua renda mensal comprometida para pagamento de dívidas.
Em junho de 2019, o endividamento subiu 0,6 ponto percentual em relação a maio. Este é o maior registro desde julho de 2013. Em relação a junho do ano passado, o aumento foi de 5,4 pontos percentuais.
O índice das famílias que declararam não ter condições de pagar as suas dívidas foi equivalente a 9,5%, apenas 0,1 ponto percentual acima do que foi registrado em junho de 2018.
Em entrevista recente ao Brasil de Fato sobre o tema, Juliane Furno, doutoranda em Desenvolvimento Econômico na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explicou que não há perspectivas de mudança nesse cenário. “Concretamente, o Estado não consegue criar nenhuma política pública de aumento do emprego, que seria um elemento para diminuir o endividamento, nem de reparcelamento das dívidas, porque isso envolveria enfrentar o sistema financeiro brasileiro do qual é um financiador das grandes campanhas da direita, é o sustentáculo do governo [de Jair] Bolsonaro [PSL] no Brasil. Então, com os bancos ele não mexe”.
Segundo a pesquisa, 32,1% das famílias entrevistadas estão endividadas por mais de um ano, e 24,7% acumulam dívidas por até três meses.
Edição: Daniel Giovanaz