"Uma estratégia para implementar um tipo de governo que favorecesse ao capital." Assim foi definida a prisão política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela União Nacional dos Estudantes (UNE), por parlamentares e dirigentes partidários que participaram do "Ato em Defesa da Democracia e da Liberdade de Lula".
A mobilização aconteceu na noite da última sexta-feira (12), no Teatro de Arena da Universidade de Brasília (UnB), em protesto contra a condenação do petista na operação Lava Jato e sua retirada da disputa eleitoral de 2018. Lula está encarcerado na sede da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná, desde o dia 7 de abril de 2018.
O evento compôs a programação do 57º Conune, o Congresso da União Nacional dos Estudantes, que segue até o próximo domingo (14), na capital federal.
O movimento estudantil vem reavivando seu protagonismo na política nacional com a realização de diversas manifestações, a exemplo dos atos dos dia 15 e 30 de maio, que marcaram o posicionamento dos jovens brasileiros contrários à retirada de direitos dos cidadãos, em especial aos cortes em verbas para a educação promovidos pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL).
"Convocamos o nosso congresso para também protestar. Protestar pela liberdade do ex-presidente Lula e contra a farsa do Judiciário, que está implementada no Brasil", declarou a presidenta da UNE, Marianna Dias, em referência às mensagens divulgadas pelo site The Intercept Brasil que escancarou a relação do ex-juiz Sérgio Moro com procuradores da República na condução de processos da operação Lava Jato.
A vice-presidenta da entidade, Jessy Dayane, destacou a importância da união em torno da libertação de Lula. Ela pontuou ainda que sua prisão política é um episódio que coloca em risco o regime democrático no país.
"Eu queria saudar essa unidade, essa maturidade. É emocionante a gente sair de um patamar de tantas disputas, mas entender que, pela liberdade de Lula, o que está em jogo é a nossa democracia", acrescentou.
A construção de uma unidade de esquerda também foi a tônica do secretário geral da entidade, Mário Magno, e de outras lideranças que participaram do ato. Entre elas, a presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) e deputada federal, Gleisi Hoffmann.
A parlamentar enfatizou a força que o posicionamento dos estudantes tem na luta contra os retrocessos que estão em curso no Brasil. Em seu discurso, a parlamentar enumerou algumas dessas perdas e relembrou o golpe sofrido pela ex-presidenta Dilma Rousseff.
"Pra acontecer esse desmonte do Estado brasileiro, as reformas trabalhista e da Previdência, os cortes de recursos da saúde, da educação, da assistência social, eles precisaram fazer um enfrentamento a um governo progressista e democrático.”
Em sua fala, João Pedro Stédile, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), defendeu que o momento é de trabalho e de esclarecimento da sociedade sobre a série de ataques aos direitos promovida pelo governo Bolsonaro. Ele afirmou ainda que “enquanto Lula estiver preso, a nossa simbologia da luta anti-imperialista também estará.”
O coordenador da Frente Povo Sem Medo e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, fez um retrospecto dos acontecimentos que culminaram na prisão de Lula, com o objetivo de impedir sua candidatura na eleição presidencial de 2018.
Ao se referir ao conluio judicial no âmbito da Lava Jato, Boulos defendeu que “temos que exigir a saída imediata do senhor Sérgio Moro do Ministério da Justiça.”
Também participaram e discursaram no ato a atriz pernambucana Fabi Siqueira; o presidente nacional do PSOL e ex-presidente da UNE, Juliano Medeiros; o deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB-AL); a estudante Marilia Domingues, que foi candidata a deputada pelo PCO nas eleições de 2018; e o estudante Marc Brito.
Edição: Geisa Marques