A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quarta-feira (17) que a epidemia de ebola na República Democrática do Congo se tornou uma emergência de saúde pública de caráter internacional.
Em comunicado à imprensa, o diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Ghebreyesus, pediu apoio da comunidade internacional e disse que a organização está trabalhando com um novo plano de controle da epidemia.
“É hora do mundo saber e redobrar nossos esforços. Nós precisamos trabalhar juntos em solidariedade com a República Democrática do Congo para encerrar essa epidemia e construir um sistema de saúde melhor”, disse. Mais de 2,5 mil pessoas foram infectadas e 1.676 morreram desde agosto de 2018, quando foi declarado o surto da doença nas províncias de Ituri e Kivu.
A decisão de declarar o caráter de emergência internacional vem após casos da doença serem registrados em Goma e Uganda, países vizinhos da República Democrática do Congo. “Um trabalho extraordinário está sendo feito por quase um ano sob as mais difíceis circunstâncias. Todos nós devemos à esses episódios – vindo não só da OMS, mas também do governo, parceiros e comunidades – para dividir o peso deste fardo”, disse Ghebreyesus.
Segundo o especialista, essa é a maior epidemia de ebola após o surto ocorrido no oeste africano entre os anos 2014 e 2016, quando foram registrados mais de 28 mil casos e 11.310 mortes em Guiné, Libéria e Serra Leoa.
“Mais de 75 milhões de checagens para detectar o ebola já foram feitas em fronteiras e outros checkpoints”, afirmou.
Por sua vez, a ONG Médico Sem Fronteiras reafirmou o caráter de emergência internacional do surto e disse que é preciso intensificar o combate à doença.
"Os sinais são claros: as pessoas ainda estão morrendo nas comunidades, profissionais de saúde ainda estão sendo infectados, e as transmissões ainda estão acontecendo. A epidemia não está sob controle e precisamos de uma mudança de rumo: mas isso não deveria significar restrições de movimento ou o uso da coerção na população afetada", disse Joanne Liu, presidente da organização em comunicado.
Ainda segundo o MSF, "comunidades e pacientes precisam estar no centro da resposta, eles precisam ser participantes ativos. MSF tem vivenciado em primeira mão o quanto é difícil responder a essa epidemia. Precisamos fazer um balanço do que está funcionando e do que não está. Em um contexto onde o rastreamento dos contatos não está funcionando completamente, e nem todas as pessoas afetadas estão sendo alcançadas, uma abordagem em larga escala é necessária para prevenção, o que significa um melhor acesso à vacinação para a população, para reduzir a transmissão”.
Prevenção
A OMS confirmou em 97% a eficácia da vacina Merck que é administrada aos pacientes com ebola cerca de 10 dias após o aparecimento de sinais de infecção. A agência acrescentou que ainda não ocorreu a falta de vacinas durante este surto.
O Fundo da ONU para a Infância, Unicef, informou que cerca de 750 pacientes foram crianças, o que representa 31% do total de casos. Em surtos anteriores, a proporção de jovens infectados foi de 20%. Desse total, a quantidade de casos fatais em menores de cinco anos foi de 77%.
A agência ressalta a vulnerabilidade de crianças menores de cinco anos, que representam 40% dos 750 pacientes jovens.
Edição: Opera Mundi