A poesia é minha forma de estar viva. Indicar um só poeta seria o que existe de mais difícil. No Rio Grande do Norte, a escrita vive e as poetas e poetas alimentam meus dias com seus contornos delicados e fortes, suas injeções de amor.
Dois livros que fazem parte desse universo são: “Das Coisas que Larguei na Calçada”, de Marina Rabelo e “Meio Dia” de Thiago Medeiros. São muitos poetas que amo, mas vou citar eles dois que reverberam forte aqui. Com ilustrações primorosas de Augusto B, o livro de Marina é um delírio, um deleite.
Com poemas como “Escondo uma frieza obscura/sou como gruta/enlaça-me e reinventa o fogo...”, ela nos convida a dançar com suas dores e delícias. Thiago também traz esse movimento. Seu livro é um sol entrando forte na alma, é “Meio Dia”, é saudade e vida. Com poemas como “Tua saliva quente/ arte na pele/ enquanto rasgas meu corpo levando ao outro lado do mundo/ te levo ao outro lado da rio branco/ cachorro quente e suco de melão bastam/ pra essa fome depois de ter você".
Os títulos dos poemas, todos escritos com a letra de sua mãe, nos acolhe das tempestades solares e insolares, de nossas queimaduras diárias e nos salva dessa existência, tantas vezes insana.
Além dos títulos citados, Marina e Thiago lançaram recentemente zines pelo projeto Insurgências poéticas. O de Marina traz um título inquieto para nossas relações amorosas, chamado “Desde que vim, o amor é aflição” e “Motriz” é o título de Thiago, ambos escritos essenciais para a história da poesia brasileira. Thiago também é autor de livros como “Para eu parar de me doer” (2016) e “O Dom do Silêncio é o Grito“ (2018), e ambos escreveram as peças “Memórias do Alecrim” e “João ou eu só queria ver os pássaros”.
É a poesia que grita a vida e trazem a cidade para uma respiração boca a boca, numa dança infinita que reúne o tempo, a vontade, a erosão de nossos passos no mundo. Vale a pena a leitura e o despertar das sensações que eles trazem em nossa alma.
*Michelle Ferret é poeta e jornalista.
Edição: Marcos Barbosa