A agricultura familiar é mais do que uma politica pública, é uma ferramenta de resistência frente ao que está sendo posto pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL). Daí o importante desafio de organizar o campo brasileiro para o fortalecimento da agricultura camponesa feita por trabalhadores e trabalhadoras em conjunto com seu ciclo familiar.
O governo federal, com seus decretos malignos, está colocando em cheque a autossustentação desse programa ao fazer uso de seu poder para a liberação de venenos para o campo. Essa prática, além de criminosa, põe em risco a diversidade da flora e da fauna brasileira. O modelo agroexportador não mata a fome da população, serve apenas como um aporte ao mercado financeiro, beneficiando apenas os grandes latifundiários produtores de transgênicos.
O Brasil ainda é um dos maiores consumidores de veneno no mundo. Em 200 dias de governo foram liberados 290 novos pesticidas. Mantendo o ritmo acelerado de aprovações de agrotóxicos, só na última segunda-feira (22), fora liberador mais 51 venenos no mercado brasileiro.
Por outro lado, o modelo de agricultura familiar, discutido pelos movimentos populares do campo, é o modelo agroecológico: a produção de alimentos sem o uso de agrotóxicos e com a participação de homens, mulheres e crianças. Esse modelo inclui a formação continuada da família camponesa para deter não apenas o manejo da produção, mas também o conhecimento técnico e cientifico do que é produzido.
É preciso cobrar, junto aos governantes, em todas as esferas do poder publico, o fortalecimento da agricultura familiar, com incentivos para a produção e escoamento das mercadorias. São necessários projetos para que a agricultura familiar se torne uma politica pública acessível a todos os trabalhadores e que os próprios trabalhadores possam ser os comerciantes de sua mercadoria e, assim, se livrar das mãos de atravessadores.
De acordo com o último Censo Agropecuário, a agricultura familiar é a base da economia de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes. Além disso, é responsável pela renda de 40% da população economicamente ativa do país e por mais de 70% dos brasileiros ocupados no campo. A produção orgânica deve chegar não apenas às feiras populares, mas também às escolas, restaurantes populares, hospitais e outros órgãos públicos. Por isso, são importantes projetos como o Pecafes, que vai ser um aporte para a comercialização justa dos produtos da agricultura familiar garantindo a compra de pelo menos 30% dos alimentos para a administração direta e indireta do estado do RN.
Os quintais produtivos são, também, uma das formas viáveis de se discutir agroecologia e alimentação saudável no campo e na cidade. A produção de alimentos saldáveis deve ser vista como uma questão de saúde publica e bem estar social, dando vez e voz aos agricultores e agricultoras. Isso só será possível porém, com muita luta, muito enfrentamento ao capital financeiro e o modelo agroexportador produtor de venenos no Brasil.
Edição: Marcos Barbosa