Dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) fizeram críticas ao comportamento dos procuradores da Lava Jato após a revelação de conversas em que o chefe da força-tarefa, Deltan Dallagnol, aparece estimulando colegas em Brasília (DF) e Curitiba (PR) a promoverem investigações contra o ministro Dias Toffoli, hoje presidente da Corte.
As conversas foram divulgadas nesta quinta-feira (1) pelo jornal Folha de S.Paulo e pelo site The Intercept Brasil. Nos diálogos, Dallagnol também sugere que se procurasse informações na Receita Federal sobre Guiomar Mendes, mulher de outro ministro do STF, Gilmar Mendes.
Ouvido pele mesma Folha, Mendes afirmou que a série de denúncias mostrando as ilegalidades da Lava Jato e do então juiz Sérgio Moro – que vêm sendo publicadas desde 9 de junho por vários veículos de comunicação – expõe o aparato judicial brasileiro à sua maior crise desde a redemocratização do país, nos anos 80.
“Como eu já havia apontado antes, não se trata apenas de um grupo de investigação, mas de um projeto de poder que também pensava na obtenção de vantagens pessoais”, disse Mendes a jornalista Mônica Bergamo.
Ele criticou o uso da Receita Federal para atacá-lo, classificando a prática de “pistolagem”. Depois, citando o economista Mario Henrique Simonsen, ironizou o comportamento dos procuradores: “O trapezista morre quando pensa que pode voar”
O ministro Marco Aurélio Mello, falando ao site do jornal O Globo, também atacou a atitude dos membros da força tarefa.
“Isso é incrível, porque atua no STF o procurador-geral da República. É inconcebível que um procurador da República de primeira instância busque investigar atividades desenvolvidas por ministros do Supremo”, disse.
Edição: João Paulo Soares