Os protestos populares contra a reforma da Previdência continuam pressionando parlamentares na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF). Na tarde desta terça-feira (6), um grupo de manifestantes se concentrou, com faixas e cartazes, nas proximidades do prédio da Casa para manifestar-se, mais uma vez, contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 6/2019. A medida tem previsão para ser votada em segundo turno no plenário nesta semana.
:: Saiba mais sobre a reforma da Previdência nesta página especial do Brasil de Fato ::
Para Roberto Giovani, da direção do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário e do MPU no Distrito Federal (Sindjus-DF), a pressão pode ajudar a oposição a obter vitórias na tentativa de excluir trechos do texto da reforma. A entidade tem feito mobilização permanente junto a parlamentares, tanto no aeroporto de Brasília quanto nas proximidades da Câmara.
“Cada um tem que fazer a sua parte. Todo mundo está sendo atingido [pela PEC]. Vai atingir a gente, nossos filhos, netos. Primeiro, deveriam cobrar os devedores, que são vários, em quantias exorbitantes. Essa reforma, pra gente, é nefasta”, critica o dirigente.
:: "Política de balcão": os bastidores da aprovação da reforma da Previdência na Câmara ::
Um grupo de trabalhadoras também se somou ao movimento para tentar chamar a atenção dos deputados. É o caso da presidenta da Confederação das Mulheres do Brasil, Gláucia Morelli, que destaca a preocupação do segmento com a rigidez das normas do texto da PEC 6.
Entre outras mudanças, o texto fixa, para elas, a idade mínima de 62 anos de idade e 15 de contribuição para ter direito à aposentadoria. Também exige 35 anos de contribuição ao INSS para se aposentar com 100% do benefício.
“Sempre que eles querem fazer alguma mudança, principalmente na economia, jogam mais pesado contra as mulheres. Nós temos que deixar um futuro pros nossos filhos e, no mercado de trabalho, já sofremos muita situação desigual, até pra se inserir no mercado. Lutamos muito contra a proposta de reforma do Temer, e derrotamos, porque a gente sabia que era pra tirar ainda mais direitos das mulheres. E agora estamos lutando muito mais contra essa reforma porque ela é mais perversa ainda”, disse ao Brasil de Fato.
Servidores de diferentes órgãos públicos têm investido no corpo a corpo com parlamentares na capital federal para pedir a rejeição da reforma. Entre outras coisas, eles têm visitado gabinetes e preparam um abaixo-assinado com cerca de 4 mil assinaturas de funcionários públicos do DF para entregar nos próximos dias à bancada distrital.
Os manifestantes também estão distribuindo, pela cidade, panfletos com os contatos dos deputados. A ideia é estimular a população a tensionar os representantes eleitos.
“É fundamental a pressão no parlamentar, seja via telefone, e-mail, WhatsApp ou pessoalmente, porque a única coisa de que o parlamentar tem medo é perder o apoio popular. Isso é uma forma de a gente lembrá-los de que, nas eleições, se eles forem candidatos de novo, vão ter esse tipo de explicação a dar a seus próprios eleitores”, afirma o servidor Rafael Teixeira.
Entre outras atividades, o ato desta terça-feira (6) exibiu banners com fotos de deputados de várias bancadas – como Tocantins, Maranhão e Piauí – que votaram pela PEC no primeiro turno. Nos próximos dias, os manifestantes também devem começar a procurar os gabinetes dos senadores, que irão apreciar o texto da PEC 6, caso ela seja aprovada pela Câmara neste segundo turno.
Edição: Rodrigo Chagas