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A política e a música não só caminham juntas, mas de mãos dadas

A banda El Efecto traz uma mistura de ritmos musicais e letras de cunho político

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A banda existe desde 2002 e lançou recentemente seu quinto álbum, "Memórias do Fogo".
A banda existe desde 2002 e lançou recentemente seu quinto álbum, "Memórias do Fogo". - Reprodução Facebook El Efecto
A banda El Efecto traz uma mistura de ritmos musicais e letras de cunho político

Se há quem defenda o discurso de que a cultura e a política andam separadas, ou que pelo menos, deveriam, a banda carioca El Efecto pode provar que misturar as duas coisas traz letras no mínimo interessantes. 

Além das letras com viés político, a banda chama atenção por se caracterizar no gênero rock, misturando outros instrumentos, como cavaquinho, violão, viola caipira, trompete, clarinete, flautas e percussão. 

Para Tomás Rosati, vocalista, a El Efecto surgiu como um espaço de experimentação, "a banda surgiu em 2002, tínhamos uma atividade comum, tocando em outras bandas, mas aí essa banda surgiu para abrigar coisas que não cabiam nos outros grupos, com pretensão de misturar muitas músicas, sem preocupação com os gêneros. Aos poucos ela foi virando o centro dos nossos interesses, porque desde o início teve o interesse em conjugar a música sem fronteiras, junto da pegada política". 

Outro aspecto que chama bastante a atenção são as letras, que trazem a política e o envolvimento com outros movimentos sociais. "Era uma inquietação que nós tínhamos, quando fundamos a banda lá atrás, de envolvimento político. Existiam outras bandas com essa pegada, mas não tinham a abertura estética, de poder fazer essa abertura sem abrir mão da política", segue Tomás, "A proposta de ser um espaço para experimentar, uma pegada tanto estética quanto politicamente libertária". 

O vocalista conta também que a grande diferença do El Efecto para outras bandas foi justamente estar aberto a outros ritmos, misturando o rock clássico com outros gêneros musicais. "Na época, éramos mais novos, tinha toda essa coisa do rock pontuando as coisas, mas tínhamos o interesse de mesclar com os gêneros todos, o funk, o samba, o pagode... 17, 20 anos atrás, essa coisa do ecletismo ainda não estava tão em alta, parece que era mais rígido a mistura dessas tribos. Tinha um grande tabu, claro que tem até hoje, com determinados gêneros. Mas para mim, era um interesse nos gêneros de música popular por uma questão de política mesmo, de valorizar gêneros deslegitimados por questões classistas", destaca.  

Recentemente a banda lançou seu quinto álbum, intitulado Memórias do Fogo. O disco é uma coletânea de ritmos, indo do samba ao metal, evocando a potência cultural da música brasileira.
 

Edição: Tayguara Ribeiro