Ofensiva

Bloqueio indiano na Caxemira abre precedente preocupante, afirma ONU

Após revogar autonomia da região, governo da Índia impõe medida "draconiana" ao interromper fluxos de comunicação

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Soldado inidiano patrulha rua bloqueada na Caxemira
Soldado inidiano patrulha rua bloqueada na Caxemira - Rakesh Bakshi | AFP

A presença de tropas das Forças Armadas da Índia e o bloqueio de vias e comunicação na Caxemira entrou no 4º dia consecutivo nesta quinta-feira (8) após a decisão do governo indiano de retirar o status especial da região que é motivo de contestação histórica por parte do Paquistão. Segundo o relator especial da ONU para liberdade de expressão, David Kaye, as medidas abrem um precedente preocupante.

“Há algo de draconiano nesse bloqueio, de uma maneira que normalmente outros bloqueios não têm. Eu não consigo me lembrar de uma situação em que houvesse um bloqueio total não apenas de comunicações de ambas as partes (...), mas também de comunicações de uma só via, como televisão”, disse o especialista ao jornal britânico The Guardian.

Segundo Kaye, uma de suas preocupações é que “poderia ser visto como um novo ponto de partida para muitos Estados que estão pensando em como interromper fluxos de informação”. O especialista ainda disse que o fato de tais ações ocorrerem em um país democrático torna a situação mais grave.

Segundo a imprensa local, barricadas e arames farpados dividem os bairros e toda a rede de comunicação está bloqueada. Ghulam Nabi Azad, ex-governador da Caxemira e líder da oposição no Parlamento, foi impedido de acessar a região, sendo detido no aeroporto de Srinagar, em um voo de Nova Deli.

Autoridades indianas também prenderam mais de 500 pessoas na zona. Na quarta-feira (7), um jovem manifestante morreu durante confrontos com a polícia em Srinagar, capital de Jamu e Caxemira, e outros seis ficaram feridos. O forte bloqueio foi imposto pela Índia para impedir uma revolta violenta após a revogação do estatuto da autonomia da Caxemira, na segunda-feira (5).

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também se pronunciou dizendo que acompanha com preocupação a situação nas áreas de Jammu e Caxemira e pediu “máxima contenção” na região.

Em nota, Guterres destaca que “a posição das Nações Unidas sobre a região da Caxemira é regida pela Carta das Nações Unidas e pelas resoluções do Conselho de Segurança” e cita o Acordo de Simla, assinado em 1972, que trata das relações bilaterais entre os dois países. O documento afirma que o estatuto final de Jammu e Caxemira deve ser resolvido por meios pacíficos.

*Com ANSA e ONU News

Edição: João Paulo Soares