Oficialmente criado em 1968, pelo prefeito Agnelo Alves, o bairro que homenageia o líder indígena Felipe Camarão – responsável pela expulsão dos holandeses do então Rio Grande e Pernambuco, ainda no período de colonização portuguesa – já foi conhecido como comunidade Peixe-boi. Seus primeiros moradores deram esse nome por terem encontrado um enorme peixe no manguezal da região.
A história tradicional informa que os terrenos que ficam no entorno de onde hoje é localizado o Guarapes, Planalto e Felipe Camarão pertenceram a viúva Machado, tradicional proprietária de terras da cidade. Após a venda dos terrenos em 1962, o empresário alemão Gerold Geppet, adquiriu a posse, em 1964, com o objetivo de criar um loteamento inspirado no plano de Giácomo Palumbo, o mesmo que consolidou os bairros de Tirol e Petrópolis. Seu intuito era criar um bairro nos moldes europeus e norte americano, que fosse ao mesmo tempo moderno, eficaz e bonito. Por trás do desejo de progresso e modernidade do alemão, a consequência direta de uma obra com essas características era a de expulsão dos moradores humildes que ali viviam.
O bairro é conhecido por sua história de organização e reinvindicações populares, fazendo com que a empreitada elitista de Gerold Geppet não tivesse sucesso.
Com o surto populacional, ocasionado pela seca durante os anos 1970, os moradores sentiram a necessidade de resolver os problemas imediatos e construir os equipamentos urbanos necessários para o bairro. Assim, em sistema de mutirão, com o apoio do Padre Thiago e da Igreja Católica, os moradores construíram o Conselho comunitário de Felipe Camarão, a escola União do Povo, a Igreja Santa Luzia, o posto de saúde, a clínica popular e o chafariz do conjunto Morada Nova.
Felipe Camarão também se destaca por preservar inúmeras manifestações culturais, entre elas o Auto do Boi de Reis, do Mestre Manoel Marinheiro; o Teatro de bonecos João Redondo, do Mestre Chico Daniel; oficina de rabeca do Mestre Cícero da Rabeca e a capoeira do Mestre Marcos com o intuito de resgatar os costumes, valores e fortalecer a identidade local, nordestina e brasileira.
Edição: Marcos Barbosa