O jornal britânico The Guardian revelou na última semana que a gigante dos agrotóxicos Monsanto operou um esquema de monitoramento para desacreditar jornalistas e ativistas que denunciaram os impactos negativos de seus produtos.
O principal alvo do “centro de inteligência e resposta” da corporação foi a jornalista da Reuters Carey Gilliam, que investigou a relação entre um pesticida à base de glifosato e a ocorrência de câncer.
A empresa, controlada pela farmacêutica Bayer, planejou uma série de ações para atacar o livro da jornalista mesmo antes de sua publicação e divulgou críticas negativas à obra para agricultores.
Segundo o Guardian, a Monsanto chegou a pagar ao Google para que buscas envolvendo as palavras “Monsanto, glifosato, Carey Gilliam” fossem direcionadas para resultados críticos ao trabalho da jornalista.
“Sempre soube que a Monsanto não gostava do meu trabalho e fez o possível para pressionar meus editores e me silenciar. Mas nunca imaginei que uma companhia bilionária perderia tanto tempo e energia comigo. É assustador”, afirmou Gilliam ao jornal britânico.
A reportagem mostra que a Monsanto utilizou métodos de inteligência adotados pelo FBI contra o terrorismo, chegando a investigar a atuação de organizações alimentícias sem fins lucrativos e os diretores da Reuters. A equipe de relações públicas da empresa também decidiu que continuaria “pressionando os editores em cada oportunidade possível”.
Os documentos, em sua maioria datados de 2015 a 2017, foram obtidos pelo jornal em meio a batalhas judiciais que investigavam os riscos para a saúde provocados pelo herbicida RoundUp -- nome dado ao glifosato produzido pela Monsanto.
Além de Gilliam e de ONGs, a Monsanto também mirou o cantor canadense Neil Yong, que teceu fortes críticas contra a atuação da empresa. O centro de inteligência escreveu um longo informe sobre o ativismo do artista e chegou a considerar tomar “medidas legais”, contra ele.
Tanto a Monsanto quanto o Google foram procurados pela reportagem do Brasil de Fato. O Google afirmou que não irá comentar o caso. A Monsanto não respondeu. Caso responda, esta matéria será atualizada.
Edição: João Paulo Soares