A campanha “No + Trump”, que marca a nova movimentação em defesa da Venezuela contra as sanções impostas pelos EUA ao país latino-americano, começa no Brasil nesta quinta-feira (15) a recolher assinaturas a favor da soberania venezuelana.
Segundo o cônsul da Venezuela em São Paulo, Manuel Vadell, a campanha consiste em uma carta endereçada ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para alertá-lo dos ataques ilegais realizados contra o povo venezuelano.
“Em primeiro lugar, precisamos liberar os ativos que o país têm no exterior que serviriam para compras de remédios, alimentos e equipamentos essenciais. A campanha visa tocar a consciência do senhor Guterres sobre o bloqueio ilegal contra a Venezuela”, disse.
Os brasileiros que quiserem participar da campanha devem comparecer ao consulado venezuelano em São Paulo a partir desta quinta-feira até o próximo dia 23 de agosto, das 10h às 15h, na rua General Fonseca Teles, 564, Jardim Paulista.
Nos demais estados, as representações diplomáticas nas cidades de Brasília, Manaus, Belém, Recife, Boa Vista e Rio de Janeiro também atenderão a população.
Segundo Vadell, a proposta é recolher 13 milhões de assinaturas pelo mundo. O documento vai circular em todos os países em que a Venezuela possui representação diplomática.
“Esperamos que, no mês de setembro, na próxima Assembleia Geral da ONU, nosso presidente Nicolás Maduro possa levar esse documento e, com o respaldo das assinaturas, chamar a atenção da comunidade internacional sobre as manobras ilegais dos EUA”, afirmou.
O formulário com o abaixo-assinado e a carta pode ser acessado aqui. Depois de impresso e assinado, deverá ser entregue nos consulados ou enviado pelos Correios.
Leia documento na íntegra:
Carta dos povos do mundo ao Secretário Geral das Nações Unidas
Como Vossa Excelência certamente conhece, dada sua honrosa e enorme responsabilidade, o governo dos Estados Unidos tem empreendido unilateralmente, com o apoio de governos adeptos e de minorias políticas da Venezuela, uma série de planejadas e ardilosas agressões econômicas, políticas e psicológicas contra a população venezuelana, com a finalidade de produzir “uma mudança de regime”, que em termos reais não é outra coisa que derrubar o governo que, no exercício dos direitos soberanos elegeram os venezuelanos e as venezuelanas em eleições livres, universais e secretas; conforme as suas leis e no exercício de sua autodeterminação como nação.
Iniciadas em 2015, na gestão do presidente Obama, com a emissão da infame Ordem Executiva segundo a qual a Venezuela, seu povo, representa “uma ameaça incomum e extraordinária” para a segurança dos EUA, que é precisamente a potência militar mais perigosa que a humanidade tenha conhecido, a mesma que em somente sessenta anos tem propiciado ao redor do mundo não menos do que 201 guerras convencionais, sem falar dos conflitos criados sob a denominada guerra híbrida ou de baixa intensidade. Desde então tem se formalizado e pretende-se legalizar perante o mundo o assédio e a destruição deste Estado Nação. Estas agressões foram exacerbadas, como Vossa Excelência sabe bem, desde a eleição do senhor Donald Trump, que em menos de dois anos tem incrementado a hostilidade econômica e financeira para asfixiar o Estado venezuelano e matar de fome a sua população. Tudo isso à luz do dia e perante esta nobre instituição, cuja razão de ser é evitar a volta da guerra, zelando precisamente pelo direito internacional. Nas últimas horas, o presidente Trump tem formalizado a espoliação dos bens nacionais da nação bolivariana e ameaça os países sócios, colocando em risco a segurança de 30 milhões de habitantes. As sequelas deste ato criminoso atingem, tal como se pretende, limites brutais e desumanos, impedindo o acesso aos alimentos, medicamentos e insumos importados imprescindíveis, incluindo tratamentos médicos de emergência e peças de reposição essenciais para as tarefas coletivas. Ninguém escapa delas. Todos, crianças e idosos, homens e mulheres, partidários do governo e opositores, todos são vítimas deste ataque canalha, contrário ao ordenamento legal que rege as Nações Unidas e os elementares princípios e direitos humanos. Ao longo da sua história, nenhum governo venezuelano tem enviado sua força armada para agredir ninguém, exceto para liberar seus irmãos do primeiro colonialismo invasor. Como expressou o Libertador Simón Bolívar ao agente diplomático norte-americano Baptist Irvine: “Não permitirei que sejam ultrajados nem desdenhados o Governo e os direitos da Venezuela. Defendendo-os contra a Espanha, tem desaparecido uma grande parte da nossa população e o restante que fica almeja por merecer igual sorte. O mesmo é para a Venezuela combater contra a Espanha do que contra o mundo inteiro, se o mundo todo a ofende”...
Na Venezuela acreditam na resolução pacífica dos conflitos. Jamais tem sido, nem são nem serão uma ameaça para nenhum povo do mundo, nem pretendem dominar ou explorar ninguém. Pelo contrário, habitam neste país milhões de irmãos de todas as partes da América e do mundo, que constituem quase um quarto de sua população.
Não acreditam que o povo dos Estados Unidos tenha outorgado mandato aos seus governos para agredir e invadir outras nações. Estes o fizeram e o fazem, porém, em nome de um Destino Manifesto que representam, como predisse Simón Bolívar, a verdadeira ameaça para a América, nos últimos 150 anos tem infetado de ditadores e misérias em nome da liberdade.
Assim, pois, Excelentíssimo Dr. Guterres, os povos do mundo dirigimo-nos a Vossa Excelência para que, em seu caráter de Secretário Geral da ONU, não só eleve a sua voz perante tão injusta e vil agressão, mas também para lhe exigir que seja protegida esta Nação deste insólito crime, pois os que sucumbirão serão a ordem e as leis internacionais que têm mantido a humanidade livre de um conflito planetário. É por isso que solicitamos, sendo a Venezuela país membro, que o Sistema das Nações Unidas exija a cessação desta brutal agressão contra esta Pátria e acione os mecanismos existentes para a proteção do povo venezuelano, e que seja garantido o pleno direito que têm todos seus habitantes ao desenvolvimento humano e à vida plena.
Edição: João Paulo Soares