O líder popular peruano e governador do departamento de Puno, Walter Aduviri, foi condenado pela Justiça peruana a seis anos de prisão nesta quarta-feira (14) no caso conhecido como “Aymarazo”, no qual é acusado de liderar um protesto realizado há mais de oito anos.
No dia 26 de maio de 2011, a população de Puno realizou uma manifestação para rechaçar o projeto minerador Santa Ana, da propriedade da empresa canadense Bear Creek Mining Corporation.
Para a ONG local Direitos Humanos e Meio Ambiente (DHUMA), os casos legais contra líderes e porta-vozes comunitários depois do Aymarazo são “emblemáticos da criminalização das comunidades indígenas em toda a região”. Como informa a instituição, em junho de 2017, dezessete acusados foram absolvidos, mas Walter Aduviri foi condenado à prisão e a pagar uma indenização de aproximadamente US$ 589 mil dólares.
O líder popular indígena, que foi eleito governador de Puno em outubro de 2018, teve sua prisão preventiva decretada nessa quarta (14). mas não se entregou às autoridades.
Em uma nota divulgada, a articulação continental de movimentos populares Alba Movimentos afirma que Aduviri é vítima de uma perseguição judicial.
“Aqueles que o perseguem são os mesmos grupos de poder corruptos que historicamente violaram todos os direitos fundamentais do povo peruano e que hoje em dia querem criminalizar o protesto popular, democrático e justo”, expressa o comunicado.
A seguir, a nota completa:
Nós, da ALBA Movimentos, denunciamos a perseguição judicial contra o companheiro Walter Aduviri, governador regional de Puno (Peru) como parte de uma estratégia de guerra judicial contra os líderes populares do nosso país irmão. Aqueles que perseguem Aduviri são os mesmos grupos de poder corruptos que historicamente violaram todos os direitos fundamentais do povo peruano e que hoje em dia querem criminalizar o protesto popular, democrático e justo contra as multinacionais saqueadoras.
Aduviri foi condenado a seis anos de prisão por ter participado, em 2011, de um protesto contra a mineradora Santa Ana, mobilização que ficou conhecida como “Aymarazo”, no qual a população de Puno se levantou contra o roubo e a contaminação. Isto expressa não só um exemplo claro de criminalização do protesto, mas também uma perseguição política contra um líder indígena e representante legitimamente eleito pelo seu povo.
Nos solidarizamos com o companheiro Walter Aduviri neste injusto e lamentável momento e fazemos um chamado a todos os movimentos da Nossa América a se posicionar contra este novo atentado contra a democracia e contra os líderes populares.
Exigimos que vontade popular expressa nas eleições regionais de 2018 sejam respeitadas.
Solidariedade con Walter Aduviri!
Basta de perseguição aos líderes populares!
Basta de roubo pelas multinacionais!
ALBA Movimientos, 14 de agosto de 2019.
Edição: Luiza Mançano