Manifestantes ocupam as ruas de diversas cidades do Brasil e também de outros países desde sexta-feira (23) em protestos contra as queimadas na Floresta Amazônica e a política ambiental do governo de Jair Bolsonaro.
As mobilizações foram organizadas pelas redes sociais após a repercussão internacional sobre os incêndios que devastam a maior floresta tropical do mundo há semanas. Nos últimos dias, líderes políticos e personalidades artísticas manifestaram indignação diante do cenário de destruição observado na região.
Na capital paulista, a concentração para o ato começou por volta das 18h da tarde de sexta-feira no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (MASP). Com faixas e cartazes, os manifestantes criticaram as recentes declarações de Bolsonaro sobre o tema e também pediram a saída do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
A professora Beatriz Silva atribuiu a situação à complacência do governo com as ações criminosas na floresta, lideradas principalmente por setores ligados ao agronegócio.
“O papel do governo Bolsonaro em tudo isso não é apenas se omitir, porque muitos governos se omitiram na questão da Amazônia até hoje, mas é compactuar e trabalhar em conjunto, de mãos dadas, com ruralistas e com a bancada pecuarista, que neste momento é a grande responsável por essa destruição na Amazônia”, afirmou.
Um dos principais alvos dos ataques de Bolsonaro, Organizações Não Governamentais (ONGs) ligadas a causas ambientais também participaram dos atos. Sem apresentar qualquer prova, o presidente disse, na última quarta-feira (21), que entidades de proteção ao meio ambiente podem estar envolvidas nos incêndios ilegais.
Para Malu Ribeiro, da Fundação SOS Mata Atlântica, a mobilização é uma resposta da população ao descontentamento com os desmontes promovidos na política ambiental.
“O brasileiro não quer isso. Sem floresta a gente não tem água, não tem saúde, não tem vida”, acrescentou.
A fumaça dos incêndios ocorridos nas regiões Norte e Centro-Oeste ultrapassou limites geográficos e chegou a São Paulo na última segunda-feira (19), fazendo o céu de cidades paulistas escurecer no meio da tarde. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) confirmaram a associação do fenômeno às queimadas.
O episódio, segundo a professora Isadora Rocha, serviu para “acordar” a população para a questão ambiental.
“O culpado por esse incêndio é o Bolsonaro, é o agronegócio, é o consumo exacerbado da da sociedade capitalista. Infelizmente, o Brasil despertou muito tarde, precisou de uma massa cinzenta parar sobre São Paulo para que as pessoas aqui parassem as coisas, para que elas fizessem um ato”, disse.
Bolsonaro também foi alvo de um panelaço na noite de sexta-feira durante pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão sobre os incêndios na Amazônia.
Neste sábado (24), o presidente voltou a falar sobre o assunto. Novamente com informações que divergem de estatísticas oficiais, ele afirmou que “a média das queimadas está abaixo dos últimos anos e está indo para a normalidade esta questão".
Dados divulgados recentemente pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), elaborados a partir de imagens de satélite, apontam que o Brasil já registra um aumento de 83% nos focos de incêndio em relação ao ano passado. O período contemplado é do início de janeiro até o dia 19 deste mês.
Novos atos em defesa da Amazônia e contra a política ambiental do governo Bolsonaro estão programados para este domingo (25) em municípios do Brasil e do mundo. Confira aqui a lista com os locais das manifestações.
(*) Com informações de Pedro Stropasolas
Edição: Geisa Marques