Em 5 de dezembro de 1938, o jornal Diário de Notícias reportou a realização do II Congresso Nacional de Estudantes por iniciativa da Casa do Estudante Brasileiro, que comemorava dez anos de sua criação. A reportagem anunciava a presença de “42 organizações estudantis”, além do presidente Getúlio Vargas e do Ministro da Educação. Na ocasião, o presidente Vargas assumiu a “presidência de honra”. Dias depois, o Diário publicou um trecho da “proclamação da União Nacional dos Estudantes”, originada durante o congresso. Dizia: “A juventude não é reconhecida como uma força temível; antes ela é a esperança na nação”. O tom nacionalista afinava-se com o tempo vivido. Um ano antes, em 1937, Getúlio implantara o Estado Novo, trazendo para a guarda do Estado autoritário as organizações da sociedade.
Em 1939, tem início a Segunda Guerra Mundial. Depois de um período neutro, o Brasil entra no conflito em 1942 contra o Eixo nazifascista. Em fevereiro de 1943, o jornal A Noite fala sobre “a passeata universitária” promovida pela UNE, comemorava-se ali, “o 1° aniversário do rompimento com o eixo”. Na reportagem, a missão dos estudantes seria “fazer a propaganda dos nossos bônus de guerra”. Mas a missão ia além das passeatas. O jornal Leitura (RJ), falou sobre a “Campanha do Livro da Vitória”. Nela, o livro virava “arma contra o fascismo”. A campanha encaminhava livros, “por intermédio da Legião Brasileira de Assistência”, para os soldados que estavam em campo de batalha, com o objetivo de “descansar o espírito e retemperar o ânimo para novas lutas”.
Em 1945, a guerra chegou ao fim com a derrota do bloco nazifascista. No mesmo ano, o movimento integralista, representante da ideologia fascista no Brasil, lança uma carta aberta em que busca se desvincular dos recém-aliados ideológicos. Foi então que, por iniciativa da UNE, foi organizada a “Exposição Anti-Integralista”. O jornal Careta de junho daquele ano, anunciou o evento que acontecia no “Tabuleiro da Baiana”, centro do Rio de Janeiro, e vinha atraindo “uma verdadeira multidão de curiosos”. A Revista da Semana, reportou que na exposição “foram apresentados muitos volumes de livros editados no Brasil, de propaganda do sigma (símbolo integralista), pelos quais os expositores provam a ligação desse credo com a cruz swastica (sic)”, ao mesmo tempo em que, “Grandes cestas de lixo da Limpeza Urbana, estavam cheias de armas apreendidas em poder dos integralistas” e um painel exibia uma “lista de navios torpedeados por submarinos alemães” por indicação de espiões integralistas. A exposição foi um instrumento que a UNE encontrou para que a memória recente não fosse deturpada. Assim, a Segunda Guerra foi apenas uma parte das batalhas que a UNE participou ao longo de sua história, sempre na trincheira da democracia.
*Leonardo Cruz é historiador.
Edição: Marcos Barbosa