A luta pela construção de uma agricultura que produza alimentos saudáveis para a população está no centro da discussão da 18ª Jornada de Agroecologia, que começou nesta quinta-feira (29), em Curitiba (PR).
O evento conta com cerca de de 80 expositores de áreas da reforma agrária de todo o estado, que até o próximo domingo (1) irão expor seus produtos na Praça Santos Andrade, na região central da capital paranaense. A programação conta ainda com atrações culturais e debates políticos.
Em entrevista ao Programa Brasil de Fato desta quinta-feira (29), Roberto Baggio, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Paraná (MST-PR), destacou que a Jornada “expressa que é possível construir um novo projeto de agricultura que se contrapõe ao agronegócio”.
“A nossa batalha é construir uma agricultura que produza alimento para o povo do campo e da cidade e que não gere doença. A feira tem essa diversidade de produtos, que possibilita mostrar que é possível ter uma agricultura que preserva, que produz comida e que dialoga com a cidade e com o mundo urbano de forma complementar”, acrescenta.
Outro debate presente nos dias de programação da jornada, segundo Baggio, é sobre a necessidade e urgência da reforma agrária no país.
“Nós precisamos democratizar o acesso à terra, fazer com que a terra, de fato, esteja nas mãos de quem trabalha, de quem produz e que depende dela. Nós precisamos despropriar e dividir o latifúndio para os milhões de camponeses que precisam da terra para trabalhar”, afirma o dirigente.
O diálogo entre a população do campo e da cidade por meio de atividades com a Jornada de Agroecologia, segundo Baggio, é uma forma de proporcionar às pessoas da cidade o acesso aos alimentos produzidos sem veneno.
Ele ressalta que "à medida que a população vai conhecendo os produtos agroecológicos e o modelo de produção dos camponeses e camponesas, eles passam a querer que esse tipo de evento aconteça sempre.”
Essa interação, na avaliação de Roberto Baggio, é um dos receios do governador de São Paulo, João Dória (PSDB), que vetou a realização da Feira Nacional da Reforma Agrária deste ano no Parque da Água Branca, na capital paulista. O evento acontece no local desde 2016.
"Ele [João Dória] se tornou um governador aliado aos interesses do capital, dos grandes fazendeiros que estão queimando a Amazônia, que, de certa forma, representa os interesses do agronegócio. Talvez ele consiga impedir [a feira] por um ano, mas com o tempo a população urbana vai querer consumir alimento saudável diretamente dos agricultores”, destaca.
O encerramento da Jornada Agroecológica será realizado no domingo (1), na Vigília Lula Livre, com um ato de partilha de sementes e uma celebração inter-religiosa.
Confira aqui a programação completa da Jornada de Agroecologia
Confira aqui a íntegra da entrevista
Edição: Rodrigo Chagas