Sindicalistas e organizações de esquerda de 24 países estão reunidos em Caracas no 1º Encontro Internacional de Trabalhadores em Solidariedade com o Povo e o Governo da Venezuela, que começou na quinta-feira (29) e vai até sábado (31).
O evento faz parte da agenda do Foro de São Paulo, realizado em julho desse ano, também em Caracas. Até o final desse ano outros três encontros internacionais devem ser realizados: de mulheres, em setembro; indígenas, em outubro; e jovens e afrodescendentes, em novembro.
Durante a abertura do encontro, o presidente da Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela, Diosdado Cabello, pediu a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Nós temos um grande trabalhador preso, perseguido pelo governo do Brasil. Pedir a liberdade de Lula é pouco, devemos exigir que o ex-presidente Lula seja liberado e que tenha todos os seus direitos políticos restituídos”, disse Cabello.
O deputado constituinte da Venezuela lembrou que assim como o Brasil, a Venezuela também enfrenta forte polarização entre os setores políticos da esquerda e da direita. Sobre os ataques políticos sofridos pela Venezuela, Diosdado Cabello disse que o setor chavista quer enviar uma mensagem ao mundo através dos delegados internacionais que vieram ao encontro de trabalhadores.
“Saibam que a Venezuela está enfrentando o maior império que já se viu na história. E queremos pedir que vocês enviem uma mensagem a seus países: na Venezuela nós não vamos nos render. Somos um país pequeno, mas com muita dignidade”, afirmou Cabello.
A Venezuela se tornou um campo de luta dos mais importantes para a classe trabalhadora, segundo o integrante da secretaria executiva da Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Brasil, Ismael César. "A Venezuela é para nós é uma esperança diante da possibilidade de construir um novo mundo, uma alternativa diante do capitalismo selvagem. Esse capitalismo que causa destruição, morte, degradação das leis trabalhistas, que empobrece a população do mundo inteiro. Nesse aspecto, a Venezuela resiste", disse o representante da CUT.
Ismael César lembrou ainda que o Brasil e mundo também estão enfrentando uma ofensiva. "O mundo todo está em uma situação muito difícil, há uma recrudescimento do imperialismo. O Brasil é um exemplo muito claro disso. Houve um golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula foi interditado, ao ser preso, porque se ele estivesse solto com certeza seria o presidente do país nesse momento", argumenta.
O secretário de relações internacionais da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses, Augusto Praça, lembrou as conquistas dos trabalhadores venezuelanos. “É muito importante para nós, trabalhadores do mundo, tudo o que foi desenvolvido na Venezuela em todos esses anos. Os direitos dos trabalhadores eram quase inexistentes nos anos 1990. Ademais, a Venezuela conseguiu erradicar o analfabetismo e garantiu o direito à casa própria”, enfatizou o representante de Portugal.
O sindicalista português afirmou ainda que a Europa caminha em direção contrária aos avanços e conquistas na Venezuela. “Enquanto isso na Europa, todos os trabalhadores sofremos um ataque muito grande do Troika (grupo formado por ministros secretários de segurança e o secretário-geral da União Europeia, que tinha como objetivo conter a crise de 2008 com programas de recorte). Em Portugal fizemos quatro greves gerais em quatro anos”, destacou Augusto Praça, da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses.
O Encontro Internacional de Trabalhadores termina nesse sábado (31) e será produzido um documento final, que será difundido entre todos os sindicados de trabalhadores do mundo. Segundo os participantes, também está em discussão a possibilidade de agendar um novo encontro, maior, para o ano que vem.
Edição: Rodrigo Chagas