SOLIDARIEDADE

Encontro internacional de trabalhadores reúne entidades de 24 países na Venezuela

Evento faz parte da agenda do Foro de São Paulo e das ações de solidariedade internacional com o povo venezuelano

Brasil de Fato | Cacaras (Venezuela) |

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Cerca de 60 delegações estrageiras particiam de evento de solidariedade, em Caracas, entre os 29 de 31 de agosto
Cerca de 60 delegações estrageiras particiam de evento de solidariedade, em Caracas, entre os 29 de 31 de agosto - Foto: Fania Rodrigues

Sindicalistas e organizações de esquerda de 24 países estão reunidos em Caracas no 1º Encontro Internacional de Trabalhadores em Solidariedade com o Povo e o Governo da Venezuela, que começou na quinta-feira (29) e vai até sábado (31).

O evento faz parte da agenda do Foro de São Paulo, realizado em julho desse ano, também em Caracas. Até o final desse ano outros três encontros internacionais devem ser realizados: de mulheres, em setembro; indígenas, em outubro; e jovens e afrodescendentes, em novembro.

Durante a abertura do encontro, o presidente da Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela, Diosdado Cabello, pediu a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Nós temos um grande trabalhador preso, perseguido pelo governo do Brasil. Pedir a liberdade de Lula é pouco, devemos exigir que o ex-presidente Lula seja liberado e que tenha todos os seus direitos políticos restituídos”, disse Cabello.

O deputado constituinte da Venezuela lembrou que assim como o Brasil, a Venezuela também enfrenta forte polarização entre os setores políticos da esquerda e da direita. Sobre os ataques políticos sofridos pela Venezuela, Diosdado Cabello disse que o setor chavista quer enviar uma mensagem ao mundo através dos delegados internacionais que vieram ao encontro de trabalhadores.

“Saibam que a Venezuela está enfrentando o maior império que já se viu na história. E queremos pedir que vocês enviem uma mensagem a seus países: na Venezuela nós não vamos nos render. Somos um país pequeno, mas com muita dignidade”, afirmou Cabello.

A Venezuela se tornou um campo de luta dos mais importantes para a classe trabalhadora, segundo o integrante da secretaria executiva da Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Brasil, Ismael César. "A Venezuela é para nós é uma esperança diante da possibilidade de construir um novo mundo, uma alternativa diante do capitalismo selvagem. Esse capitalismo que causa destruição, morte, degradação das leis trabalhistas, que empobrece a população do mundo inteiro. Nesse aspecto, a Venezuela resiste", disse o representante da CUT.

 

Representante da CUT do Brasil, Ismael César diz que Venezuela representa esperança (Foto: Fania Rodrigues)

Ismael César lembrou ainda que o Brasil e mundo também estão enfrentando uma ofensiva. "O mundo todo está em uma situação muito difícil, há uma recrudescimento do imperialismo. O Brasil é um exemplo muito claro disso. Houve um golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula foi interditado, ao ser preso, porque se ele estivesse solto com certeza seria o presidente do país nesse momento", argumenta.

O secretário de relações internacionais da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses, Augusto Praça, lembrou as conquistas dos trabalhadores venezuelanos.  “É muito importante para nós, trabalhadores do mundo, tudo o que foi desenvolvido na Venezuela em todos esses anos. Os direitos dos trabalhadores eram quase inexistentes nos anos 1990. Ademais, a Venezuela conseguiu erradicar o analfabetismo e garantiu o direito à casa própria”, enfatizou o representante de Portugal.

O sindicalista português afirmou ainda que a Europa caminha em direção contrária aos avanços e conquistas na Venezuela. “Enquanto isso na Europa, todos os trabalhadores sofremos um ataque muito grande do Troika (grupo formado por ministros secretários de segurança e o secretário-geral da União Europeia, que tinha como objetivo conter a crise de 2008 com programas de recorte). Em Portugal fizemos quatro greves gerais em quatro anos”, destacou Augusto Praça, da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses.

O Encontro Internacional de Trabalhadores termina nesse sábado (31) e será produzido um documento final, que será difundido entre todos os sindicados de trabalhadores do mundo. Segundo os participantes, também está em discussão a possibilidade de agendar um novo encontro, maior, para o ano que vem.

Edição: Rodrigo Chagas