Entrevista

A missão dada a Salles é desmontar o ministério do Meio Ambiente, afirma Abramovay

Ciência, negacionismo e governo são os assuntos abordados na terceira parte da entrevista com Ricardo Abramovay

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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O papel do ministro do Meio Ambiente é justamente destruir a pauta ambiental, acredita professor.
O papel do ministro do Meio Ambiente é justamente destruir a pauta ambiental, acredita professor. - Antonio Cruz/Agência Brasil

No final do mês de julho, algo inédito aconteceu na diplomacia brasileira. Pela primeira vez, o governo brasileiro havia enviado representantes diplomáticos a uma reunião de negacionistas climáticos nos Estados Unidos.

O evento defende políticas libertárias e reúne os maiores defensores da tese de que o Estado não deve agir para mitigar os efeitos do aquecimento global.

“Daqui a pouco vamos estar mandando gente para a conferência de terraplanistas”. Quem ironiza o assunto é Ricardo Abramovay, o professor do Departamento de Economia da FEA-USP e membro do Conselho Diretor do Imazon, instituto que monitora a Amazônia e estimula a conservação do território.

Na terceira e última parte da série “Floresta em Perigo”, Abramovay comenta as políticas de governo para a área ambiental, o papel do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e a concepção negacionista que hegemoniza o pensamento do governo Jair Bolsonaro.

Para o professor, “o ministério do Meio Ambiente está passando por um processo de desmonte comandado pelo próprio ministro do Meio Ambiente. Foi a missão que ele assumiu”, destaca.

Abramovay cita como exemplo a drástica queda de fiscalização do Ibama e as inúmeras sinalizações institucionais que são dadas pelo governo no sentido contrário ao respeito aos recursos ambientais.

Sobre a pauta negacionista, Abramovay é enfático: “Nenhum dos negacionsistas climáticos brasileiros publicou qualquer artigo em uma revista séria. Qual é a resposta que eles falam quando se argumenta isso? Que existe uma conspiração. E deslegitimam uma organização que representa mais de 130 mil cientistas", argumenta.

Confira:

Edição: Luiz Felipe Albuquerque