No final do mês de julho, algo inédito aconteceu na diplomacia brasileira. Pela primeira vez, o governo brasileiro havia enviado representantes diplomáticos a uma reunião de negacionistas climáticos nos Estados Unidos.
O evento defende políticas libertárias e reúne os maiores defensores da tese de que o Estado não deve agir para mitigar os efeitos do aquecimento global.
“Daqui a pouco vamos estar mandando gente para a conferência de terraplanistas”. Quem ironiza o assunto é Ricardo Abramovay, o professor do Departamento de Economia da FEA-USP e membro do Conselho Diretor do Imazon, instituto que monitora a Amazônia e estimula a conservação do território.
Na terceira e última parte da série “Floresta em Perigo”, Abramovay comenta as políticas de governo para a área ambiental, o papel do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e a concepção negacionista que hegemoniza o pensamento do governo Jair Bolsonaro.
Para o professor, “o ministério do Meio Ambiente está passando por um processo de desmonte comandado pelo próprio ministro do Meio Ambiente. Foi a missão que ele assumiu”, destaca.
Abramovay cita como exemplo a drástica queda de fiscalização do Ibama e as inúmeras sinalizações institucionais que são dadas pelo governo no sentido contrário ao respeito aos recursos ambientais.
Sobre a pauta negacionista, Abramovay é enfático: “Nenhum dos negacionsistas climáticos brasileiros publicou qualquer artigo em uma revista séria. Qual é a resposta que eles falam quando se argumenta isso? Que existe uma conspiração. E deslegitimam uma organização que representa mais de 130 mil cientistas", argumenta.
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Edição: Luiz Felipe Albuquerque