O parlamento do Reino Unido decidiu nesta segunda-feira (3) colocar na "ordem do dia" a votação de uma emenda que prevê estender o prazo da saída do país da União Europeia para o dia 31 de janeiro, na intenção de evitar um Brexit sem acordo.
Por 328 votos a 301, os parlamentares decidiram colocar a proposta em votação que deve acontecer nesta quarta-feira (4). Se aprovada, o primeiro-ministro Boris Johnson será obrigado a estender a data limite para o Brexit se o Parlamento não aprovar um acordo apresentado pelo governo ou uma proposta de Brexit sem acordo algum.
Após o resultado, o premiê criticou a decisão da maioria e confirmou que o partido conservador irá propor ainda nesta terça-feira uma emenda para convocar eleições gerais.
"Isso aprovado [extensão do prazo], entregaria o domínio das negociações à União Europeia e isso significa mais atraso e mais confusão. Eu não quero uma eleição, o povo não quer uma eleição e eu acredito que o cavalheiro [Jeremy Corbyn] não quer uma eleição, mas se a Casa votar por essa emenda amanhã o povo terá que decidir quem vai a Bruxelas em 17 de outubro para resolver isso e levar esse país adiante", disse.
Johnson criticou o líder dos trabalhistas, Jeremy Corbyn, e voltou a afirmar que não quer eleições gerais, "mas se os parlamentares votarem amanhã para parar as negociações e obrigar outro atraso sem sentido para o Brexit, potencialmente por anos, então isso será a única solução".
Por sua vez, o líder dos trabalhistas celebrou o resultado e garantiu que "não há consentimento nesta Casa em deixar a União Europeia sem um acordo". Corbyn ainda concordou com a proposta de moção para eleições gerais, mas desafiou Johsnon e disse que os trabalhistas só apoiarão um novo pleito se a emenda pela extensão for aprovada.
"Ele quer registrar uma moção por eleições gerais. Tudo bem: aprove a emenda primeiro para retirar a possibilidade [de um Brexit] sem acordo da mesa", disse.
Sem maioria
O partido conservador, liderado por Boris Johnson, perdeu nesta terça-feira a maioria no Parlamento após o deputado Phillip Lee literalmente abandonar a bancada conservadora, atravessar a Casa e se sentar na fileira dos oposicionistas Liberais Democratas durante um discurso do premiê.
A coalizão dos tories com o direitista DUP (Partido Unionista da Irlanda do Norte) agora ficou com 319 assentos no Parlamento, contra 320 ocupados pelas legendas de oposição.
Johnson condenou a saída de Lee e disse que ela faz parte de um plano para os oposicionistas aprovarem a proposta que busca evitar uma saída da UE sem acordo, chamado pelo conservador de "a emenda da rendição".
Suspensão do Parlamento
Na última terça-feira (28), Johnson teve seu pedido de suspender o Parlamento até 14 de outubro acatado pela rainha Elizabeth II.
A decisão gerou uma série de protestos em diversas cidades do país no último final de semana. Aos gritos de "parem o golpe" e "salvem a democracia", os britânicos encararam a decisão como uma forma do premiê dificultar as atividades dos parlamentares que se opõem ao Brexit sem acordo.
Edição: Opera Mundi